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Falar francês

Keep calm and grrr!!!

Keep calm and grrr!!!

Era uma vez uma moça que chegou em Buenos Aires sem falar nenhuma palavra de castelhano. Ela estudou dois anos no colégio mas o pouco que sabia não a ajudava em nada. Queria comprar um quilo de “fresa”, que na Argentina chama “frutilla” e insistia em “coger el autobús” – o que, diferente da Espanha, na terra do Maradona significa uma prática sexual Transformers: “transar com o ônibus” em vez de pegar o busão.

Ela aprendeu na raça. Leu a obra completa da Mafalda antes de tentar um Cortázar e nove meses depois se matriculou em uma pós graduação. Anos depois produzia conteúdo em espanhol (sem nunca ter deixado de criar um sem número de neologismos) e hoje conta com a malemolência necessária para se comunicar com uma senhora da Recoleta ou um cumbiero da Villa Fiorito.

Daí ela mudou pra Paris achando que a sorte, a força cósmica do aprendizado por osmose, os dois anos de curso de francês e o convívio intenso com franceses fossem seus aliados. Só que não. E embora muita gente faça apostas “em três meses você já vai estar falando” – dizem os mais otimistas – ela vê apenas uma luz no fim do túnel: setembro, começo do ano letivo na Europa e, por conseguinte, do seu curso na Mairie de Paris.

Enquanto isso ela é vista estudando sozinha, interagindo com comerciantes, fazendo confusão na boca do caixa quando descobre uma lembrancinha muito mais legal do que a que já estava na sacola, misturando idiomas cazamigue e até mesmo brigando no trânsito, em inglês e sem medo de parecer ridícula, porque não suporta uma injustiça.

– “A melhor coisa que você tem a fazer é aprender francês, Ana”.
– Ah vá? Jura?

Vou ali tomar a pílula mágica de esperanto nível 1 e 2 e já volto.

É cada conselho que só por Deus, mano, talok. E uma pressão também, uma vez que os franceses são super puristas com o idioma, o que está longe de ser um problema, mas acaba se tornando um quando a exigência é feita também a estrangeiros.

Enfim, se engana quem pensa que eu estou reclamando, só queria dizer para a sociedade que às vezes eu posso parecer muda mas entendo quase tudo o que vocês falam 😉

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