Ô se serve! Ensaio com ator Raphael Sander
Serve, sim! Ele já lavou carro, foi garçom e sushiman. Hoje, Raphael Sander é ator, modelo e está marcado na memória dos telespectadores como o rapaz que ficou nu diante de Marieta Severo
Toda vez que uma bundinha masculina aparece na televisão aberta um clima de celebrações invade as redes e chega até às rodinhas de bar. Raphael Sander, 29 anos, foi um dos galãs alçados a esse posto de: “Você, viu?”. Para não ser injusto, vale lembrar que a coleção de rapazes de Verdades secretas como um todo aqueceu o circuito de bundinhas na TV. O folhetim das 11, encerrado em setembro do ano passado, foi um marco no quesito nu masculino. E foi no fatídico último capítulo da novela global que Raphael arrancou a roupa na frente da personagem de Marieta Severo. O corpanzil do ator e modelo foi avaliado por um sonoro e direto “serve”. Na sequência, ele se jogou em cima da atriz, com um sorriso maroto de gigolô. Voilà! Bem-vindo às manchetes de portais, e a um sem-número de memes. Reverberou. Foi tão marcante que seria impossível começar este texto com qualquer outra coisa. E ele sabe disso. “O costume é haver uma atmosfera geral de receio em fazer nu”, explica. “Mas, pra mim, o corpo é uma ferramenta de expressão.”
“O costume é haver uma atmosfera geral de receio em fazer nu. Mas, pra mim, o corpo é uma ferramenta de expressão”
Raphael Sander, ator e modelo
Se expressar assim, em frente de Marieta e de lentes que o projetavam para todo o Brasil, contou com um frio na barriga onipresente, “e até estimulante, de certa forma”, diz. Antes da cena do “servir”, Raphael se empenhou em praticar até o ritual trivial de como retirar a calça rapidamente. Em poucos meses do “você viu aquela cena?”, Raphael estava de volta ao ar na novela das 7 Totalmente demais. “Hoje, após emendar uma novela na outra por um ano e meio, me dei ao luxo de descansar”, explica, com certo alívio na voz.
Ética e desejo
Raphael é miguelense, gentílico concedido aos nativos de Miguel Pereira, município localizado no interior do Rio de Janeiro. Migrou rumo à capital fluminense ainda na infância. Contraiu um sotaque carioca que o denuncia rapidamente enquanto fala. Antes de ser modelo, transitou por ofícios bem diversos. Foi lavador de carros, vendeu sanduíches na praia e trabalhou como garçom. “Também fui sushiman em um hotel na orla de Copacabana”, relembra. Os convites para modelar eram recorrentes, mas a aceitação às passarelas e aos ensaios fotográficos só aconteceu aos 18 anos, quando ainda selecionava os melhores peixes atrás do balcão. “Conheci um agente e decidi ver qual era”, explica.
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A profissão de “trabalhador”, como ele apelidou a vida de modelo, o levou até Milão, Paris, Tóquio, Hamburgo, Atenas, Berlim… “Fiz as contas outro dia, e dá um total de 60 cidades visitadas em 15 países espalhados por aí”, explica. As excursões aéreas coincidiram com a formação superior em turismo. O histórico acadêmico e profissional sugere alguém com aversão à reclusão, mas na verdade Raphael passa boa parte de seu tempo entre quatro paredes. Seu programa preferido é assistir a seriados como House of Cards, Better Call Saul e Narcos, que já viu duas vezes. Game of Thrones, ele assume, assiste de leve, só para não ficar por fora da conversa com os amigos. Recentemente aderiu a How To Get Away With Murder, para espairecer. O ritmo dos trabalhos, no entanto, faz com que ele demore a sair da primeira temporada de muitas séries.
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Nos últimos meses, começou a estudar filosofia, numa busca por decodificar pensamentos e situações ao seu redor. “Às vezes, a vida te exige tomar medidas kantianas”, explica escolhendo as palavras. Raphael busca compreender aquilo que perturba qualquer mortal: amor, ética e desejos. “A filosofia cria um freio crítico para pensarmos antes de agir”, pontua. Em sua fala vagueia como se, enquanto falasse em voz alta, descobrisse um novo lado de sua própria personalidade, que vai além da taxativa de galã à qual foi enquadrado. “As pessoas têm essa mania de ver o próximo em uma lógica cartesiana, como se fôssemos completamente iguais”, explica. A resposta para se decifrar ainda surge em uma frase incerta: “Talvez, o que eu mais procure sejam maneiras de alcançar uma integridade moral”, diz. Enquanto Raphael se traduz, vem cá: você viu esse cara?
Veja o ensaio completo na Tpm #167, que chega às bancas dia 16/08.
Créditos
Imagem principal: Christian Gaul
Christian Gaul