Em erupção
A trajetória da carioca que saiu do México e voltou para o Rio de Janeiro por terra
Ela viu vulcões ativos no Equador, mergulhou em Honduras, desbravou o deserto de sal na Bolívia e pirou com as águas turquesa do Panamá. Depois de viver numa terrível cidade mexicana, a carioca Mariana Dias volta pra casa por terra e revela o melhor do trajeto
Tenho 25 anos e, um mês antes de me formar em jornalismo, fui convidada a trabalhar para uma empresa petrolífera interessada em se expandir para o mercado mexicano. Por falar espanhol, passei a ganhar em dois dias o que ganhava em um mês de estágio. Mesmo sem entender nada de petróleo, o projeto fluiu e, em pouco tempo, a empresa propôs que eu deixasse o Rio e fosse morar no México.
Viajar é o que mais gosto de fazer. Ainda assim, aceitar aquela proposta não foi fácil. Ao assumir o cargo de analista de mercado internacional, estaria abrindo mão de trabalhar com o que gosto. Para dificultar, moraria em Ciudad del Carmen, no golfo do México, conhecida como “o lugar mais chato do país”, onde as pessoas vivem apenas porque é lá que o petróleo está. Mas a realidade pesou e eu aceitei.
Suportei Ciudad del Carmen por cinco meses antes de pedir demissão e voltar para o Brasil cruzando a América Latina sozinha. Essa decisão foi motivada pela experiência mais assustadora da minha vida. Sofri um acidente no México. Meu carro capotou e foi parar a uns 100 metros da estrada, entre arbustos. Se não tivesse conseguido sair do carro, ninguém teria me encontrado. Tive sorte, levei apenas cinco pontos na testa e 31 mordidas de mosquitos. Antes mesmo de conseguir ajuda, já havia decidido que não estava feliz e que voltaria para o Brasil. Coloquei uma mochila de 15 quilos nas costas e carreguei a certeza de que loucura teria sido não fazer esta viagem.
Fé na tábua
A primeira parada foi nas ruínas maias de Tikal, no norte da Guatemala. Sentada num templo de 1.300 anos, vi o sol nascer da forma mais incrível e respirei aliviada, com a certeza de que minha viagem valeria a pena. Ainda cheguei ao topo de um vulcão ativo – com lava escorrendo – antes de seguir para o país seguinte. Em Honduras, me certifiquei como mergulhadora na segunda maior barreira de corais do mundo, em pleno mar do Caribe. Depois, passei por praias desertas na Nicarágua e pela Costa Rica.
Cheguei, então, ao Panamá. O país, conhecido apenas pela engenhoca do seu canal, foi uma grande surpresa. Havia planejado passar só o Natal, mas conheci tanta gente legal que fiquei até o Ano-novo em Bocas del Toro, um arquipélago com gostinho de férias, no norte do país. Tudo que você precisa fazer por lá é escolher qual ilha inabitada vai visitar naquele dia e se jogar na praia.
O ponto alto da viagem foi conviver três dias com os índios kuna. A cinco horas da Cidade do Panamá, em jipe 4X4 e canoa, a reserva Kuna Yala ocupa o belíssimo arquipélago de San Blás. Dormi duas noites em uma oca, sem energia elétrica ou água corrente, com chão de areia e teto de sapê. Os trajes das mulheres contrastam com a simplicidade do lugar: elas usam saias e blusas coloridas com uma larga faixa bordada sobre a barriga. Do joelho aos pés e do cotovelo às mãos, voltas e mais voltas de miçangas formam mosaicos sobre a pele. O último detalhe é a linha negra que divide o rosto, da testa ao piercing de ouro na ponta do nariz. Como se tanta cultura não bastasse, as quase 400 ilhotas de San Blás são minha idéia de paraíso na terra: areia branca, coqueiros e aquele turquesa do mar caribenho.
Adiós, Centroamérica
Cheguei à América do Sul e, embora não estivesse nem na metade do caminho, a sensação era que eu já estava perto de casa. Depois de passar pela Colômbia, chegou a hora de colocar casacos e luvas para conhecer o Equador. Lá, perdi o fôlego ao chegar a 5 mil metros de altitude no vulcão ativo mais alto do mundo e fui acordada por um outro, que entrou em erupção no meio da noite, em pleno Carnaval. Aí veio a vez do Peru. Viajei das Linhas de Nazca a Cuzco e, finalmente, conheci Machu Picchu. A caminho da Bolívia, passei ainda pelas ilhas flutuantes, no lago Titicaca, onde tudo é, do chão ao teto, de palha. Da mesma maneira que a visita aos índios kuna me marcou, as paisagens que vi no deserto do sudoeste da Bolívia foram inesquecíveis. Em uma viagem de três dias cruzei o Salar de Uyuni, a maior planície de sal do planeta. De tão branco, a sensação era a de caminhar sobre um lago congelado. A carne de lhama do almoço foi preparada na mala do 4X4 e servida na única ilha do mundo que não é cercada por água. Dormi a primeira noite em um vilarejo e levantei cedo para atravessar o deserto de terra avermelhada, vulcões cobertos de neve e uma laguna vermelha cheia de flamingos. Na manhã seguinte, acordamos às 5 horas para ver o vapor que brota dos gêiseres a quase 5 mil metros de altitude. Temperatura do ar: -10 °C.Com os pés dormentes, a piscina natural quentinha apareceu em boa hora. Ainda não conseguia acreditar no que tinha visto quando desembarquei na fronteira do Chile, no deserto do Atacama. Bebi vinho em Santiago e dancei tango em Buenos Aires antes de voltar para o Brasil, após quatro meses e 350 horas em ônibus, barcos e jipes. Desembarquei aqui com pouco dinheiro e sem trabalho. E valeu a pena. A reação que mais gosto de ver quando conto minha história é: “Poxa, deu vontade de colocar a mochila nas costas e ir agora”. Se seu medo é viajar sozinha, deixe-o para trás. Comecei minha jornada sozinha e cheguei em casa bem acompanhada. Conheci o Joe na estrada e, em vez da Inglaterra, seu destino final acabou sendo o Rio de Janeiro, comigo. Quando esta matéria for publicada, já estaremos casados. Surpresas sempre aparecem nos caminhos!
DICAS
COMO CHEGAR
Se for de ônibus, comece por qualquer rodoviária do Brasil. De avião, tem Gol, Aerolineas Argentinas, Lan Chile, Aerolineas, Taca, Copa e AeroMéxico.
COMO COMEÇAR
O primeiro passo é escolher uma área e comprar um bom guia de mochileiros. O Lonely Planet é o mais indicado. Não planeje demais, deixe a estrada te levar e ouça dicas de outros viajantes.
ONDE FICAR
Em San Blás, na ilhota Carti Yandub, com a família kuna Fernandez. 507 6740-7535 ou kunatours1@hotmail.com, por US$ 30 por dia, incluindo oca, três refeições e passeios nas outras ilhas. Se preferir evitar os buracos e a lama da estrada, vá de aviãozinho (cerca de US$ 100, ida e volta), com a AirPanama ou a Aeroperlas. Para a expedição pelo deserto boliviano, há muitas opções de agências, mas como as hospedagens são sempre as mesmas o mais importante é escolher um jipe em bom estado. A viagem de três dias, incluindo jipe, cama e três refeições, custa US$ 80.
O QUE LEVAR
Guarde a roupa enroladinha e dentro de bolsas transparentes, que funcionam como gavetas, facilitando o acesso àquela blusa que está lá no fundo. Leve uma capa de chuva para você e outra para sua mochila, uma toalha leve, despertador, lanterna, canivete, repelente e um diário. Um livro é suficiente (há trocas de usados em albergues).
PAPELADA
Na América Latina, o único país que exige visto é o México. Alguns exigem também comprovante de vacina contra febre amarela.
DINHEIRO
Quase tudo pode sair pela metade do valor cobrado inicialmente. Barganhe e finja que vai embora – os vendedores sempre vêm correndo atrás. É bom ter dois cartões de crédito e dois de débito (eu levei só um e passei perrengues quando meu banco o cancelou sem avisar). É importante ter sempre uns US$ 100 guardados, para eventuais sufocos.
O QUE (NÃO) COMER
Dores de barriga são inevitáveis. Água, só mineral. Feijão com arroz é café-da-manhã na Costa Rica, o porquinho-da-índia virou uma especialidade do Equador e sopas de pé de galinha são servidas em abundância. Preferi evitar carnes em lugares remotos – é só dar uma volta na feira que você entende por quê. Em compensação, restaurantes são inacreditavelmente baratos: paga-se US$ 1 por sopa, prato principal e sobremesa no norte do Peru, por exemplo.
TPM+
Mariana elege o “melhor” e o “pior” da sua viagem.
Aqui, Mariana Dias faz uma seleção do TOP + e TPM - de seu rolê pela América Latina
TOP +
Países preferidos: Guatemala, Panamá e Equador.
Melhor para férias: Panamá. O Panamá tem de tudo e há vôos baratos para lá. A capital é interessante, com arranha-céus e a engenhoca que é o canal do Panamá. O arquipélago de Bocas del Toro tem gostinho de férias, com muitas ilhas desabitadas, água azul, albergues bacanas, barzinhos e gente legal. Ainda tem as montanhas verdes com friozinho em Boquete e os índios kuna no arquipélago de San Blas, como contei à Tpm.
Melhor para estudar espanhol: San Pedro de Atitlán, na Guatemala. Hippie, 10 mil habitantes e à beira do belíssimo lago de Atitlán, este é o destino mais popular entre estudiantes gringos. Pacote com 20 horas de aulas particulares por semana custam US$ 50, hospedagem em casa de família custa outros 50 (com todas as refeições) e os albergues são ótimos e custam inacreditáveis US$ 4 por noite. A cooperativa local de professores é a que mais tem alunos satisfeitos: www.cooperativeschoolsanpedro.com.
Ruínas preferidas: pasmem, não é Machu Picchu (inca, 1466). Gostei mais das ruínas de Palenque, no México (maia, 600), e de Tikal (maia, 400 a.C.), na Guatemala. Proporcionalmente menores, mas centenas de anos mais velhas, essas ruínas têm menos turistas e uma certa energia. Palenque fica no sul do México, no Estado de Chiapas, e Tikal fica no norte da Guatemala, ambas no meio de florestas fechadas.
Melhor paisagem: deserto da Bolívia. Como descrevi na Tpm, é surreal!
Melhor praia: arquipélago de San Blas, lar dos índios kuna, na costa caribenha do Panamá. Pequenas ilhas, praias desertas, coqueiros, areia branca e água azul.
Melhor lago: a laguna de Quilotoa, no Equador, fica na cratera de um vulcão a 3.900 metros de altitude, com água verde-esmeralda e 250 metros de profundidade. Hospedada bem no cume, nas cabanas de uma família quíchua, adorei passar o dia jogando baralho e observando as pessoas com chapéus de alparca e bochechas queimadas pelo frio, ignorando a pressa do mundo moderno. Para facilitar o orçamento de mochileiro, a diária custa US$ 8, incluindo três refeições.
Melhor montanha: o vulcão inativo Chimborazo é a montanha mais alta do Equador e em todo o mundo; seu cume é o ponto mais longe do centro da Terra. Deu dor de cabeça, dor de barriga, falta de ar, mas valeu a pena o esforço para quebrar o meu recorde pessoal e chegar a 5 mil metros sobre o nível do mar e brincar na neve.
Melhor vulcão: o vulcão Pacaya, na Guatemala, não tem neve, mas tem lava escorrendo do pico. A sensação estranha de catucar a lava e sentir o calor faz desta aventura (provavelmente irresponsável) o melhor vulcão.
Melhor restaurante: La Boca del Lobo, em Quito, Equador. Sofisticado, supercolorido, criativo e muito, muito barato.
Melhor música: já conhecidos por aqui, o Gotan Project, da Argentina (https://www.youtube.com/watch?v=3zD9W9SZj9w&feature=related), que mistura tango com toques de música eletrônica, e a mexicana Julieta Venegas (https://www.youtube.com/watch?v=gWlHF1uljX0&feature=related), que fez parcerias com Lenine e Marisa Monte (https://www.youtube.com/watch?v=U-Wdz25APqY), foram os que mais agradaram meus ouvidos pela América Latina.
Melhor balada: a balada é forte na Colômbia. Os colombianos com grana fazem a cidade de Cartagena, no norte do país (Caribe), bombar nas férias de janeiro, quando rola o Festival Ultramar de música eletrônica. (Provavelmente a maior quantidade de cirurgias plásticas per capita do mundo.) E tem Medellín, uma cidade superbacana, segura, limpa e com festa todo dia.
Melhor albergue: são muitos. Na verdade o que faz um albergue legal são as pessoas que você encontra nele. E o que não falta na estrada são pessoas legais! Gostei muito do Tina’s Backpacker’s, por exemplo, na areia da praia da ilha de Caye Caulker (Belize). Passei o fim de semana lá depois do meu acidente de carro e foi nesse hostel que conheci o Joe, o que me faz suspeita para escolher... O albergue é sujinho, mas todo mundo faz amizade rapidinho – e já ouvi muita gente dizer isso, em épocas diferentes. Tem também o Los Amigos, em Flores (Guatemala), o Heiki, em Bocas del Toro (Panamá), o Casa Kiwi, em Medellín (Colômbia), o Loki, em Lima (Peru)... Ah, tem muito mais hostel bom do que ruim!
Melhor drink: do Peru, pisco sour! (https://www.youtube.com/watch?v=UMJlQWWp5U8) As medidas variam pela internet, mas os ingredientes são basicamente os mesmos: pisco (aguardente peruana feita de uva), clara de ovo, suco de limão, xarope de glicose e duas gotas de Angotura Bitter (uma bebida amarga). Também fiquei surpresa ao saber que uma bebida tão gostosa levava ovo cru, mas juro que é uma delícia.
Mais baratos: ah, a Guatemala. Vai um albergue bacana por R$ 5? E que tal uma cervejinha por R$ 0,80? Tem também a Nicarágua, a Bolívia e o norte do Peru, com refeições que incluem salada, prato principal e sobremesa por US$ 1! A verdade é que qualquer lugar é mais barato que o sudeste brasileiro.
Simpatia: equatorianos. Eles são sorridentes e têm um certo ar de inocência. Quando você pergunta o preço de algo, eles logo desistem da batalha e perguntam “cuánto quieres pagar?”. No Carnaval, guerrinhas de espuma e de balões de água pelas ruas... Povo prestativo mesmo!
Melhor esporte: a oferta era tentadora: “aula de surf, se não ficar de pé na primeira aula, não paga”. Concluí: “Oba, aula de graça”. Entrei na onda do Joe e resolvi tentar surfar pela primeira vez em Huanchaco, no Peru, com ondas longas e lentas. Para minha surpresa, tive que pagar a aula, já que fiquei de pé na primeira onda!
Bicho preferido: lhama!
TOP –
Países “menos” preferidos: o único ponto turístico que vale a pena visitar em Honduras são as Islas Bahia, um dos lugares mais baratos do mundo para fazer curso de mergulho, com a segunda maior parede de corais do mundo. Nicarágua tem umas praias legais no oceano Pacífico, mas nada tão bonito quanto o mar do Caribe.
Países mais caros: México, Costa Rica, Colômbia, Chile e Argentina. Conclusão óbvia: quanto mais desenvolvido, mais caro.
Antipatia: hondurenhos. Estão sempre com a cara amarrada e parecem não gostar de turistas. Foras são distribuídos sem cerimônia.
Pior comida: não tive coragem de provar o porquinho-da-índia no espeto nem a sopa de pé de galinha do Equador. Após visitar uma feira local, preferi virar vegetariana por alguns dias.
Pior música: para mim, este é o ponto fraco dos nossos vizinhos. Juro que quando cheguei ao Brasil e liguei o rádio senti orgulho do que meus ouvidos escutaram. Nas baladas, os DJs sempre tocam o mesmo “reggaeton” (incluindo a “Gasolina, dame más gasolina”). Nos ônibus (que por sinal estão sempre no último volume), Roberto Carlos é o favorito absoluto. Além dele, cantoras com uma vozinha bem fina e desafinada cantam uma mistura de música folclórica indígena com sertanejo e ritmos caribenho, à la Calypso. Enfim, não esqueçam de levar o MP3!
Pior meio de transporte: aqueles ônibus escolares americanos amarelos são o principal meio de transporte da América Central. Apelidados de chicken bus por mochileiros, eles são muito lentos, muito desconfortáveis e provavelmente perigosos. Uma vez resolvi anotar todas as mercadorias oferecidas por ambulantes em um único ônibus na Nicarágua (em ordem de aparição): alho, cenoura, batata, sacolé, tortilla, cortador de unha, bolo, cotonete, xampu antipulgas, raspadinha, tesoura, maçã, uva, gelatina, sorvete, pimenta em conserva, banana, amendoim, rosquinhas, meia, cueca, calcinha, pano de prato, caramelo, refrigerante, cerveja, melancia, bacon, pipoca e bala.
Pior viagem de ônibus: Cali–Ipiales, na Colômbia. Motoristas sempre mentem e dizem que a viagem será pelo menos duas horas mais curta do que é, mas passar 13 horas em um microônibus sem banheiro e sem paradas para comer quando a mentira inicial foi que o trajeto levaria seis horas foi de enlouquecer.
Pior hospedagem: hotel San Jose, em San Pedro Sula, Honduras. Baratas, muitas baratas, se esconderam – inclusive dentro da minha mochila – quando acendi a luz. Já era tarde e a cidade não era menos assustadora que o quarto do hotel. Fui até a recepção e reclamei que tinha pelo menos 30 baratas no meu quarto. O funcionário riu e respondeu “solamente 30?!”. Eu e Joe acabamos dormindo num saco de dormir, de luz acesa e ventilador ligado, com um olho aberto e o outro fechado.
Maior mole: inventar de dormir na praia do Parque Nacional Tayrona, no norte da Colômbia. Eu e uma amiga de viagem esticamos nossos sacos de dormir e a umidade da areia rapidamente vazou o pano fino e quase morremos de frio. Fechei os olhos para tentar dormir quando ouvi um barulho de água: um cara fazendo xixi a meio metro da minha cabeça. Logo depois, a água veio do mar: uma onda me encharcou até os joelhos. Desistimos da areia e por “sorte” encontramos duas redes emboladas e fedorentas perto de uns cavalos. Amarrei minha rede de qualquer jeito no único lugar que encontrei e passei a noite com frio e dormindo em forma de U. Ah, pelo menos foi grátis!
Pior perrengue: quando cheguei à América do Sul e tentei sacar dinheiro em um caixa automático, meu cartão não funcionou. Sorte que estava com uma amiga... No dia seguinte, liguei para o meu banco no Brasil e fui informada de que meu cartão de débito havia sido cancelado, porque o banco tinha decidido substituir os cartões de todos os clientes, e que o meu estava na agência, para eu ir buscar pessoalmente. Quando expliquei que estava na Colômbia, o gerente disse: “Vem aqui pegar e depois você volta para aí”. Passei o resto da viagem pedindo dinheiro emprestado e reduzida apenas ao meu cartão de crédito. Estou processando o banco e fica a lição para quem for viajar: leve pelo menos dois cartões de débito e dois de crédito. Você nunca sabe quando seu banco que cobra taxas tão altas pode te deixar na mão!
Pior susto: nosso ônibus foi apedrejado durante um protesto no Peru, mas o maior susto mesmo foi quando o vulcão Tungurahua entrou em erupção no Equador. A cidade onde eu estava foi considerada a maior zona de perigo e por pouco não precisou ser evacuada. Deu para sentir o chão tremer e ouvir as explosões do vulcão. Aprendi que o estrago maior de um vulcão, no entanto, não é a lava propriamente dita, e sim as cinzas tóxicas, que foram espalhadas pelo vento por dez municípios. Tivemos que usar máscaras e óculos para nos proteger.