E aí, ser ou não ser?

Fernando Meirelles fala sobre a série para a TV "Som e Fúria", baseada em Shakespeare

por Bruna Bopp em

 

Num rápido encontro no fim de uma sessão de cinema, Fernando Meirelles olha nos olhos e sorri ao fim de cada frase. Depois do sucesso de Cidade dos Homens e da co-produção de Antonia, ele volta à TV para dirigir Som e Fúria, que estreia no dia 7 de julho, na Globo. A série é uma adaptação da produtora canadense Slings and Arrows, e conta a história dos bastidores de uma Companhia de Teatro do Estado, que monta clássicos de Shakespeare. Entre autógrafos e poses para foto, depois de assistir e mediar um debate sobre o filme Budapeste, dirigido por Walter Carvalho, Fernando falou à Tpm sobre a experiência de comandar profissionais de peso, como Rodrigo Santoro, e de como o autor de Romeu e Julieta continua atual.

Como surgiu a ideia de trazer essa história para o Brasil?
O produtor desta série canadense é o mesmo de Ensaio Sobre a Cegueira. Ele me mandou um pacote cheio de DVDs dizendo que tinha feito tudo aquilo para a televisão canadense. Vi um, dois e não conseguia parar mais. Assisti a 18 episódios em dois dias. Liguei para ele e falei brincando: “Me vende o direito desta série, quero fazer no Brasil”. Ele falou que me vendia pelo preço que eu quisesse, o que eu pagasse, ele aceitava. Comprei os direitos em março, ofereci para a Globo e, depois de uma semana, eles disseram que iam fazer. Gravamos em julho do ano passado.

E como foi o trabalho com o elenco, dirigir atores como Rodrigo Santoro e Andrea Beltrão? Quando você trabalha com grandes atores, você não tem que fazer nada. O cara te entrega as coisas de bandeja. São atores que você pode deixar que eles vão inventar. Se o cara é bom, quanto menos falar, menos você estraga.

A séria trata de uma Companhia de Teatro que monta espetáculos de Shakespeare. Apesar das mudanças de comportamento e tecnologia, Shakespeare continua atual?
Eu sou fã de Shakespeare. Acho que não tem nada mais atual. Os sentimentos, a impulsividade juvenil, a tragédia... Cada vez que você lê, encontra outras mil coisas. Cada frase tem uma revelação da alma humana. Cada pessoa que você conhece, garanto que existe um personagem de Shakespeare parecido, um personagem que você pode dizer que conhece, “Ah aquela ali é a Marisa do 202.” É impressionante como o cara conhece a alma humana.

Qual personagem você é?
Nossa... Não sei. Talvez o bobo da corte de Hamlet, Yoric [risos].

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