Duas vezes Dominguinhos
Documentário e websérie prestam homenagem ao sanfoneiro pernambucano morto no ano passado
Os dois tinham personalidades completamente diferentes. Luiz Gonzaga era solar, impulsivo, esfogueado, enquanto Dominguinhos era uma figura calma. Gonzagão seria o hot e Dominguinhos, o cool.” Assim Gilberto Gil definiu o rei do baião e seu sucessor, duas das figuras mais importantes da música brasileira. Pois é o último, o “cool”, o grande homenageado de um projeto de seis anos, que teve como resultado uma websérie, lançada no mês passado, e o documentário Dominguinhos, que chega às telas dos cinemas em maio. A cantora Mariana Aydar falou à Tpm sobre o projeto realizado por ela em parceria com o marido e músico, Duani, o pianista Eduardo Nazarian, o artista visual Joaquim Castro e a produtora bigBonsai, baseada em São Paulo.
Qual é a importância de Dominguinhos para a música brasileira? Dominguinhos recebeu o legado do Luiz Gonzaga, de quem é sucessor, mas sofisticou o forró com as harmonias dele. Existe todo um jeito de tocar que é só dele. Você ouve e fala: “Isso é Dominguinhos”. Ele era autodidata e foi acompanhando os movimentos da música brasileira ao longo das décadas, influenciando e sendo influenciado por outros grandes artistas, como João Donato, Wilson das Neves, Nara Leão, Gilberto Gil, Caetano, Gal Costa, Elba Ramalho e Lenine.
Que lado desconhecido dele aparece no filme e na websérie? O Hermeto Pascoal diz que Dominguinhos poderia ter feito um sofisticado concerto de sanfonas, se quisesse, mas nunca fez. Porque sempre foi muito humilde e tinha um respeito muito grande à tradição de Gonzagão. Com isso, ficou pouco conhecido seu lado de jazzista extraordinário, improvisador genial e músico universal. Também dificultou sua música ficar conhecida no resto do mundo o fato de que ele tinha muito medo de andar de avião. Deixou de ir a muita entrega de prêmio por causa disso.
Vocês filmaram uma série de encontros de Dominguinhos com outros artistas brasileiros. Teve algum que mais emocionou você? Um que me marcou bastante foi com o Djavan. Dominguinhos já estava muito doente (tinha câncer no pulmão) e pediu para que Djavan tocasse uma canção em sua homenagem, coisa que ele nunca fazia porque era muito na dele. Djavan então cantou “A rota do indivíduo” e Dominguinhos ficou ao lado, ouvindo. Foi muito emocionante, todo mundo que estava no estúdio chorou [veja abaixo].
Vai lá: www.facebook.com/dominguinhosmais