Dreamland
A família de Roberta Borges encara 400 quilômetros para chegar à praia da Barra, em Santa Catarina
Semana sim, semana não, a família da fotógrafa e ex-surfista profissional Roberta Borges, 44, encara 400 quilômetros da esburacada BR-101 e parte da cidade de Porto Alegre para chegar à praia da Barra, em Santa Catarina. É lá que ela, o marido, o sueco Michael Weinschenck, o Mick, e a filha, Stephanie, a Teté, de 17 anos, recarregam as baterias e fazem o que mais gostam na vida: surfar. Roberta, que foi a primeira campeã brasileira de surf do Brasil, freqüenta a praia desde adolescente. Ali era seu paraíso particular, onde treinava e passava bons momentos. Por isso mesmo é que desde sempre sonhou com uma casa só dela, na frente daquele mar todo.
Vidro e madeira
Em 1997 o sonho começou a se tornar realidade. Depois de anos procurando, eles conseguiram comprar um terreno à beira-mar, superestreito, é verdade – 10 metros por 70 –, de um senhor que também tinha terras em Garopaba (SC). “Até hoje não sei como ele vendeu esse terreno pra gente. Talvez porque ele tenha visto o quanto a gente queria, não sei. Acho que era mesmo para acontecer.” Terreno comprado, hora de fazer a casa. O arquiteto gaúcho Luis Aydos se juntou ao casal e, a seis mãos, projetaram uma simpática casa de madeira e vidro inspirada nas casas californianas do mesmo material. Por fora, a madeira tabuia, escura – muito dura e nada apetitosa para cupins e outras pragas –, dá um ar rústico à construção. Por dentro, o pínus, mais claro, traz uma leveza acompanhado dos poucos – e bons – móveis do lugar. O interior lembra muito o das casas escandinavas, com móveis de linhas retas e simétricas. Influência direta do marido de Roberta, que há muito tempo trabalha com design de móveis.
Dormir ouvindo o barulho do mar faz Roberta esquecer o perrengue da estrada e tudo o que ficou para trás em Porto Alegre. Acordar com o sol nascendo e com o chamado de ondas perfeitas na porta de casa a faz sentir que está vivendo um sonho bom.
O que é Shaker?
Shaker é uma seita religiosa que surgiu no século 18 na Inglaterra, mas se difundiu mesmo nos Estados Unidos. Protestantes e celibatários – adeptos da castidade até o casamento –, os shakers têm uma grande importância na história do design por serem os primeiros a fabricar móveis mais funcionais e clean, seguidos pelos dinamarqueses. As peças da casa de Roberta foram feitas aqui no Brasil por seu marido, o sueco Michael Weinschenck. Entre 1993 e 1995, ele criou uma linha inspirada no desing shaker (ele foi a museus americanos pesquisar), que foi vendida na época na Tradesign de Porto Alegre. “Quando fomos mobiliar a casa, decidimos colocar as peças dele justamente por ser tão difícil encontrar móveis de madeira delicados, com essa leveza”, conta Roberta.
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