Dois em um
Dois dos maiores gênios da música mundial, Chico Buarque e Bob Dylan ganham estudo completo sobre suas obras
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Por Fernanda Paola
Um, brasileiro, nascido Francisco. O outro, americano, Robert. Em comum, além de nomes corriqueiros e do belo par de olhos azuis, está a poesia. Chico Buarque e Bob Dylan fizeram diferença em suas pátrias por meio da música, nos tumultuados idos de 60. Para Chico, época de repressão política, samba e céu azul. Para Bob, tempos de guerra, do blues e do céu cinzento. Cenários distintos, interpretados dentro de suas singularidades, mas inspirados pela insatisfação e musicados com influência de ritmos negros que originalmente gritam de dor: samba e blues.
Foi dessa forma que Chico e Bob expressaram, de maneira velada, seus sentimentos ideológicos. Assim buscaram se igualar à classe operária, e de maneira sofisticada fizeram uso de seus ritmos e slogans para esbravejar suas inquietações. Retrataram a realidade, foram acusados de limitação vocal, planejaram um futuro utópico e compuseram hinos de suas épocas ("Apesar de Você" e "Blowing in the Wind"). Foram vaiados, aplaudidos, amados e odiados. Tanto fizeram que hoje poupam palavras. Isso porque preferem falar por meio de poesia e protesto cifrados, que podem tanto ser cantarolados, quanto interpretados, como fez a escritora Ligia Vieira César em seu estudo "Poesia E Política nas canções de Bob Dylan e Chico Buarque", publicado pela editora Novera (2007, 199 páginas). Ouça o áudio acima.