Do tempo do telefone
Blubell lança seu segundo disco com show hoje no Sesc Pompéia, em São Paulo
Sabe aquelas belezas exóticas das quais você não sabe se são bonitas ou estranhas mas que não consegue parar de olhar? É mais ou menos assim com a voz da cantora paulistana Bel Garcia, mais conhecida como Blubell. O seu canto prende a atenção de tão diferente e quando você percebe o CD já rodou três vezes no seu player.
Essa sexta, 21, é uma ótima oportunidade de conhecer o trabalho dessa artista de voz tão doce e tão peculiar e que tem tudo pra ser um dos grandes destaques de 2011. Ela faz hoje no Sesc Pompéia o show de lançamento do CD Eu Sou do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava, lançado pela YB Music.
O album produzido por Maurício Tagliari (do Nouvelle Cuisine, banda de jazz famosa em São Paulo nos anos 80 e 90) conta com as participações dos contemporâneos e igualmente talentosos Bruno Morais e Tulipa Ruiz, além de trazer de volta a um disco não gospel a grande Baby do Brasil. Com esta última mantém uma relação familiar pois namora há quatro anos o guitarrista Pedro Baby, filho da eterna musa dos Novos Baianos e de Pepeu Gomes.
Blubell estreou em 2006 em CD com o álbum Slow Motion Ballet. Ganhou um pouco mais de notoriedade quando uma de suas músicas, "Chalala", virou tema de abertura da minissérie Aline, da TV Globo, exibida em 2009 e que deve voltar ao ar em 2011.
No palco do Sesc Pompéia é acompanhada por Daniel Muller (piano), Beto Sporleder (sax), Guilherme Marques (bateria) e Rui Barossi (contrabaixo), além de participações especiais.
Batemos um papo com Blubell em meio aos ensaios para o show:
Quais foram as inspirações para a sua carreira?
O que me inspira a escrever músicas são as coisas que acontecem comigo. Uma vez vi o Lenine falando que às vezes vai no cinema e faz uma música sobre o filme que assistiu. Eu sou incapaz de fazer isso. Escrevo sobre as coisas que eu sinto. Ao mesmo tempo, me inspiro em filmes, livros e até mais especificamente em personagens para dar uma roupagem musical a essas letras.
Como surgiu a oportunidade de gravar com Baby do Brasil?
A Baby é minha sogra há quase quatro anos. Eu semore adorei Novos Baianos e, quando conheci a Baby, me aprofundei mais na carreira solo dela, que é tão legal quanto. Um dia ela foi num show meu no Studio SP e saiu cantarolando uma das minhas músicas. Desde então resolvi que a gente tinha que fazer alguma coisa juntas um dia. Quando comecei a gravar o disco, mostrei a ela algumas músicas ainda em fase de pré-produção, e ela escolheu gravar "1,2,3,5". Já posso morrer...
Ter a música na abertura do seriado "Aline" ajudou a abrir portas?
Puts... Até agora, tirando a parte de que a Rede Globo paga direitiinho, não. Quando fui convidada pra gravar o disco pela YB, eles nem sabiam dessa música. Tinham visto o meu trabalho com o quinteto e foi isso que mais os atraiu. A coisa mais legal que aconteceu até agora foi a Maria Flor (que interpreta a Aline) me dizer que "Uh-uh-Chalala" virou o lema do elenco da série.
Quais outras coisas e comportamentos considerados "antigos" você sente falta?
Sinto falta das pessoas irem mais uma na casa da outra, seja para ouvir música, pra tocar um violãozinho, pra jogar baralho ou pra jogar conversa fora... Hoje em dia, fica cada um com o seu laptop... Eu inclusive. Temos que prestar mais atenção nisso...
Se você pudesse fazer a curadoria de um festival, quais artistas e bandas escolheria?
Um cara que eu gostaria muito de ver no Brasil é o Stevie Wonder. Daria tudo pra ver um show dele. Até pouco tempo atrás, daria pra trazer a Aretha Franklin e a Etta James, mas acho que as duas já se aposentaram... Uma pena...
O que você prepara para o show no Sesc Pompéia? No palco as músicas ficam muito diferentes do CD?
Tem um ditado de músico que diz "Show é show. Disco é disco." No meu caso, isso é bem verdade. No palco, as músicas ganham mais energia. Sem querer ser exotérica, mas sendo, rola uma magia. Nesse show, a gente vai fazer todas as 11 canções do meu segundo disco (Eu Sou Do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava), uma pitada do primeiro disco (Slow Motion Ballet) e algumas surpresas com a Baby do Brasil e outros convidados, como o Pedro Baby, o Pipo Pegoraro, e o Bruno Morais.
Vai lá: Blubell no Sesc Pompéia
Onde: R. Clélia, 93, Pompeia, São Paulo/SP
Quando: 21 de janeiro de 2011, sexta-feira, às 21h
Quanto: R$ 16 [inteira]; R$ 8 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]; R$ 4 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]
Tel.: (11) 3871-7700
Ouça www.myspace.com/blubellspace