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Com mais de 260 partos no currículo, a fotógrafa Marcela Barros dá o depoimento de quem presencia – através das lentes – um dos momentos mais marcantes na vida de uma mulher

Imagine a cena: a esposa, grávida de nove meses, conta ao marido que a bolsa estourou. Em meio à correria para colocar a mala da maternidade no carro e rumar para o hospital, ele saca o celular e, rapidamente, disca para as primeiras pessoas que devem ser avisadas que o bebê está a caminho: o obstetra e a fotógrafa.

A história da paulistana Marcela Barros com a fotografia começou como hobby, mas hoje, aos 35 anos, ela se tornou uma profissional requisitada na área em que atua. Formada em administração, Marcela trabalhava com a irmã em sua agência de viagens quando decidiu dar um novo rumo a carreira. A idéia de registrar partos surgiu no nascimento da única filha, Isabela, hoje com 5 anos. “Gostei tanto de ver meu marido tirando fotos que quis fazer isso para outras mulheres. Passei a fotografar para pacientes do dr. Renato Kalil, meu obstetra, até que fiquei conhecida e hoje trabalho no São Luiz, no Pro Matre e no Einstein”, conta, referindo-se a três das mais conceituadas maternidades particulares de São Paulo.

Fotografar um parto nesses lugares requer autorização do hospital, que só permite membros da própria equipe de fotografia ou pessoas recomendadas e cadastradas na sala de parto. E Marcela precisa tomar cuidado para ser invisível lá dentro, prestando atenção nos lugares em que pode ou não andar. “Minhas fotos não são posadas, então tenho que deixar a gestante confortável, não atrapalhar.”  Com a experiência de quem já assistiu a mais de 260 partos “de todos os tipos”, ela conta que quem agenda uma cesárea geralmente chega muito mais nervosa do que as mulheres que pretendem ter parto normal. “A hora marcada deixa a mulher mais ansiosa. Tem aquela pressão por já saber antes qual o dia e a hora e ficar esperando por eles”, diz.

Marcela ouviu de uma mãe de segunda viagem, cujo primeiro filho nascera de cesárea e o segundo de parto normal, o que considera a melhor definição dos dois métodos. “Ela me contou que, na cesárea, é como se você passasse um ano planejando um casamento e, no fim, você casa mas ninguém aparece na festa. No parto normal, é como se a festa fosse um sucesso, todos os seus amigos comparecessem e o último convidado ainda estivesse dançando na pista ao amanhecer.”



Em mais de cinco anos de registros, Marcela já passou por quase todo tipo de situação na sala de parto. Logo no primeiro trabalho, ela teve que enfrentar seu maior desafio: o pavor de sangue. “Não sabia como iria reagir, já que nunca suportei ver sangue, mas me empolguei na hora e deu tudo certo”, conta. A animação com o trabalho continua até hoje: “Prefiro mil vezes acordar de madrugada e fotografar um parto do que uma festa, por exemplo”.

No caso de cesárea, ela chega uma hora antes ao hospital e já começa a fotografar – os familiares, a placa do quarto, o relógio na sala, os abraços dos pais... Suas fotos quase formam um filme. Para parto normal, ela é avisada da provável semana do nascimento e, quando chega a hora – seja ela qual for –, vai para a maternidade. “Fico quantas horas for preciso no trabalho de parto. Minha função só termina quando levam o bebê para o berçário.” O serviço custa a partir de R$ 750, e o cliente recebe um CD com todas as fotos em alta resolução (ela chega a tirar até 800 em um parto) e com uma pasta em baixa. Outros serviços à parte incluem retratos do casal em um estúdio e um DVD com as 200 melhores fotos editadas em um clipe, com música ao fundo.
 
Concorrida, Marcela “faz o impossível” para estar presente em todos os compromissos. Certa vez fotografou dois partos simultâneos, em salas vizinhas de um mesmo hospital. “Meu trabalho depende muito da época. Novembro é movimentado – 'são os filhos do Carnaval'. Algumas datas também. Oito de agosto – 8/8/2008 –, por exemplo, fui a quatro partos: três cesáreas e um normal.”

Marcela Barros: (11) 3845-6262  www.marcelabarros.com.br