Desde pequenas nós comemos lixo
Quem tem lá seus 40 anos é da geração “enlatados”
Somos da geração pré-delivery. Nossas mães não pediam comida em restaurante, mas se recusavam a cozinhar porque elas queimaram sutiãs. Por isso, quem tem lá seus 40 anos é da geração “enlatados”. Fomos criados com apresuntado e seleta de legumes. E nem morremos
A maioria das leitoras desta revista faz parte de uma geração intermediária. Nossas mães trabalhavam fora e tinham, sim, empregada em casa. Mas era uma empregada que em geral olhava as crianças e cozinhava. A maioria das nossas mães era da geração “queimando sutiãs”, por isso elas se recusavam a cozinhar muito. Ao mesmo tempo, não tinham essa culpa que carregamos que nos faz achar que a comida tem que ser orgânica. Basicamente, somos de uma geração pré-delivery, mas pró-enlatado. Não se sabia o que era gordura trans e por isso comíamos direto e sem culpa:
• Mandiopã: O alimento mais bizarro já inventado pelo ser humano. Ainda não sabemos do que ele é feito. Mas trata-se de uma espuma que é frita e absorve muito óleo (eca!) e era servida normalmente nas tardes em que jogávamos Atari. O Mandiopã acaba de ser relançado, depois de a família perder a marca e a recuperar. Sim, não estamos inventando nada disso!
• Presuntinho: Biscoito de presunto consumido em altas doses junto com suco de uva (não orgânico, não natural, feito à base de corante mesmo). O presunto, por sinal, estava muito na moda na época, tanto que existia o apresuntado.
• Apresuntado: Espécie de compensado de presunto. Bem, melhor não pensar do que aquilo era feito. Mas devia ser um resto das piores partes do presunto prensadas e servidas como um “enlatado”. Demorou muito para que as mães começassem a questionar os enlatados, e as que faziam isso eram tipo de vanguarda.
• Seleta de legumes: Se a mãe queria servir uma coisa saudável, ela abria uma lata de seleta de legumes. Tratava-se de uma mistura de milho, ervilha, cenoura e “outros legumes” já prontos. Era só abrir a lata e servir (junto com o apresuntado).