Depois do refrigerador

Por Josie Moraes*
Foto Drika Bourquim

De volta, depois de 33 anos, os Mutantes, nada convencionais, provam que a vida musical também é cheia de ciclos. Encontros, desencontros, fim e início. Tudo recomeçou quando foram convidados para tocar em Londres, em 2006. Quando voltaram, tinham mais seis shows marcados. Não demorou muito para a balada dos loucos levar 50 mil pessoas a uma apresentação no Ipiranga (SP). A trajetória dos bastidores até a nova fase da banda, agora formada por Dinho, Zélia Duncan, Arnaldo e Sérgio Dias, rende tantas linhas que virou livro.

A Volta dos Mutantes, de Paula Chagas Autran, editora Publisher Brasil, revela a passagem histórica dos músicos pelo jardim elétrico do rock brasileiro. Repleto de fotos marcantes, diagramação moderna e textos curtos, a publicação consegue exprimir a atmosfera meio desligada que encantou a muitos e importantes, como Kurt Cobain e Beck.

O lançamento foi celebrado no Café Journal, em São Paulo, na semana passada. Ainda é de impressionar a quantidade de velhos e novos fãs que a banda consegue atrair. Na fila pelos autógrafos, jovens de seus 20 e poucos anos carregavam a discografia completa para uma assinatura de Dinho e Sérgio Dias, presentes no evento.

Uma verdadeira retomada inesperada, não só para fãs e críticos, como para os próprios mutáveis. “Não tinha a menor idéia que ia ser assim. Estou feliz, com certeza. Eu vim ao lançamento esperando duas pessoas”, disse Sérgio Dias, olhando para o Café lotado. Dinho reflete sobre a situação com humor. “Todo mundo perguntou como estávamos nos sentindo concorrendo ao Prêmio Tim 2007 com o Skank e Roupa Nova, e eu disse: a gente é roupa velha e remendada [risos]”, contou o baterista, se referindo à conquista do título recentemente conquistado de melhor grupo pop rock .