Delivery roots!
Chocada ao ver um senhor carregando nossa geladeira nas costas pelas ruas de Kathmandu
Aqui no Nepal não existe endereço. A cidade é dividida por bairros, mas as ruas não têm nome e as casas não têm número. Morei 1 ano em Boudha, ao lado da Grande Estupa, e agora moramos em Lazimpat, o bairro do babado daqui. O mais próximo de um endereço que eu tenho é “Lazimpat, perto do hotal Shangrila”. Toda vez que algum amigo vem visitar, eu passo esse endereço e marco um horário para resgatar a pessoa na frente do hotel e ensinar o caminho das pedras, no caso a da minha casa mesmo.
Essa semana precisei comprar uma geladeira nova, e na hora de dar o endereço de entrega foi a mesma ladainha: “Lazimpat, perto do hotel Shangrila. Fala a hora que eu te espero na frente do hotel”. O dono da loja de geladeira, que é nepalês, achou super normal e marcou a data, 3.a feira, e a hora, 12:30pm. E lá fui eu e a Graziela esperar a nossa geladeira nova.
Morei um ano na Índia e moro há 1 ano e 7 meses no Nepal. Me acho mega descolada, quase local. E não é que o Nepal SEMPRE me surpreende! Estamos eu e a Grazielucha na frente do famoso hotel Shangrila esperando nossa geladeira, e pontualmente às 12:30pm, vejo um senhor nepalês mais baixinho do que eu (elka= 1,61.5m) e mais magro (elka=50kg), carregando a dita cuja nas costas! Esperava uma kombi com dois carregadores, já meio preocupada se eles iriam dar conta de carregar a geladeira escada acima, mas nunca na vida imaginei um delivery dessa categoria.
O carregador seguiu a gente até em casa pelas ruazinhas de terra, eu na frente mostrando o caminho e morrendo de vergonha por todas as vezes que excumunguei os taxistas que se recusam a levar a gente até em casa e me obrigam a andar 2 quarteirões carregando apenas minha bolsa. A Graziela ficou tão preocupada com as costas do pobre homem, que queria dar sua fortuna de 3 rúpias nepalêsas acumulada em moedas (1 real= 44 rúpias nepalêsas) para o carregador.