Déjà-vu

por Tania Menai em

Então você chega na casa de um amigo pela primeira vez e acha que está tendo um déjà-vu, que já esteve lá antes. Nada disso. Seu amigo, assim como quase todos os outros, comprou os móveis dele na Ikea, megaloja de design sueco (espalhada por Europa, EUA e Canadá) que vende de estante a guardanapo por preço de banana. Basta olhar para a sala de estar alheia que você sabe quanto o sujeito gastou na decoração. Os móveis são bonitinhos, sim, mas ordinários.

Pode notar: o sofá-cama da rapaziada é aquele listradinho branco e azul, a estante é de madeira clarinha, a mesa de TV é aquela baixinha de rodinhas pretas. Tem também o tal sofá branco, esse é clássico, quase obrigatório. Pois é, vivemos num catálogo. E aí tem a tal saga: quem neste mundo tem habilidade em se entender com o manual para montar uma cômoda ou uma cama? Sim, os móveis vêm esquartejados em caixas e você que se vire. Se quiser ajuda, desembolse 100 dólares; valor que costuma ser infinitamente mais caro do que o próprio móvel.

Também não é difícil ouvir episódios sobre a porta da estante que fica na sua mão ou o caso da minha gaveta, que não agüenta o peso das roupas de inverno, afunda e não abre; nunca mais. Por outro lado, a Ikea, que fica fora de Manhattan (e por isso disponibiliza ônibus gratuitamente aos fins de semana partindo da rodoviária Porth Authority), já virou vício para quem a-do-ra um vaso de flores azul-claro por 4 dólares. Como o meu.
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