De perto
Famoso é aquele cara – ou aquela – que está sempre sorrindo nas fotos
Famoso é aquele cara – ou aquela – que está sempre sorrindo nas fotos. Sorri na festa. Sorri na inauguração. Sorri na piscina. Sorri na ilha. Sorri, enfim, no evento. Evento, por sua vez, é aquele acontecimento que reúne um bando de gente que está lá por obrigação profissional, cachê ou pelas duas coisas, e nunca por vontade própria. Isso inclui, naturalmente, festa de inauguração de piscina na ilha.
Esse é o habitat natural do jornalismo de celebridades, que, apesar do nome, na maioria das vezes não diz respeito nem a jornalismo nem a celebridades. A combinação de rostos conhecidos, sorrisos perpétuos e mídia intensiva produz um efeito intoxicante. Quando você se dá conta, está lendo ou assistindo alguém contar da alegria que foi passar meses confinado com tanta gente bacana. E força no sorriso.
Na versão das revistas de fofoca e dos programas de auditório, tudo vai sempre bem na vida do famoso, seus projetos (famoso não faz planos, faz projetos) dão sempre certo. Lá não existe hesitação, dúvida ou fracasso. Tudo funciona, tudo sorri. Tudo isso, claro, está muito longe da realidade. Aquém dela, na verdade. Basta chegar mais perto para ver a vida como ela é. Nesta edição, Tpm chegou mais perto de Alexandre Borges e Fernanda Lima.
Ele está casado há 17 anos com a atriz Julia Lemmertz, com quem tem um filho. Seria fácil deslizar clichê abaixo, ao redor da imagem de casal perfeito. Fácil e injusto. A vida e as opiniões dele, afinal, são mais interessantes que isso. Dá uma olhada nas Páginas Vermelhas. Fidelidade? Alexandre dá a real: “Não é porque casou que vira ‘o marido’. Você é a pessoa que sempre foi, com as mesmas dúvidas, inquietações e fraquezas”.
Com Fernanda Lima não é muito diferente. Junto com o marido, o ator Rodrigo Hilbert, e seus dois filhos, faria o casting ideal para a família perfeita de comercial de margarina. Mas ela quer mais que um chavão existencial ou o conto de fadas da supermulher-mãe-apresentadora, como você vai ler no perfil que começa na página 58: “[Com os filhos] a gente fica em segundo plano, perna peluda e unha por fazer”.
Se de perto ninguém é normal, todo mundo fica mais interessante, muito mais. Ótimo 2011 e até fevereiro.
Fernando Luna, diretor editorial