Dança do mundo

Festival de Curitiba, estreia mundial do espetáculo de dança Cruel, platéia do Teatro Guaíra lotada, o excelente Berna Ceppas na direção musical, Gringo Cardia na artística e Débora Colker na criação, coreografia e direção geral. Cruel. Sim, esse é o nome, pois para Débora “o desejo é muito cruel. A beleza é cruel. A juventude e a velhice são cruéis. O amor é crudelíssimo”, escreve em uma auto-resenha para a próxima edição da revista Tpm.

Cruel representa exatamente o que tem acontecido no mundo em termos de música eletrônica da melhor qualidade, cenário, iluminação, corte de cabelo, figurino (um escândalo de figurino: sapatos de salto e vestidos de deixar qualquer uma com desejos consumistas) e dança contemporânea – como não podia deixar de ser. E, claro, corte de cabelo também. Bailarinas com um ar moderno de cabelos curtos – as madeixas não passam da altura da orelha –, minuciosamente repicados e desarrumados.

Dançarinos sorridentes, sempre leves ao dançar um eletrônico que se alterna entre barulhento e refinado – com tons clássicos e minimalistas lá no fundo. Isso, provavelmente, pra não deixar a platéia enlouquecida com tamanha intensidade musical e eletrônica. Assim como o espetáculo, que começa romântico nas roupas e nos pares – homens e mulheres parecem tentar encontrar o seu em meio a um baile – e termina com representações mais caóticas e vibrantes – assim como o mundo de hoje.

Cruel é pra ser visto não só por amantes da dança, mas por olhares curiosos sobre a música e arte contemporânea. E que a montagem faça sucesso lá fora, porque está no nível, senão acima, deles lá na Europa. Não tem nada de tupiniquim ou popular, zero estereótipo brasileiro. É dança globalizada, coisa do mundo...

Vai lá: Cruel – Theatro Municipal do Rio de Janeiro – r. Marechal Floriano, 11, centro, Rio de Janeiro, www.theatromunicipal.rj.gov.br. Estréia em 24 de abril; Teatro Alfa – r. Bento Brando de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo, www.teatroalfa.com.br. Estréia em setembro