Crendecial artística
Ava Rocha fala sobre sua banda, usar o MySpace e a influência artística de seu pai, Glauber
As credenciais de Ava Rocha são muitas. Depois de dirigir e montar filmes, foi convidada pelo mítico diretor de teatro Zé Celso Martinez Corrêa para colaborar com a montagem de Os Sertões no Teatro Oficina. Do backstage, foi convidada para cantar em uma cena. E foi aí que, encarando o público, resolveu montar uma banda, a Banda Ava.
Batemos um papo por telefone com Ava sobre MySpace, a passagem de cineasta para líder de uma banda e, como não poderia deixar de ser, sobre o conhecido cineasta Glauber Rocha, seu pai, e mais uma de suas famosas credenciais.
Você é cineasta. Como começou a cantar?
Eu sempre cantei e fazendo cinema, cantava muito nos filmes. Sempre vinha alguém "Ah, canta no meu filme", "Faz uma música para a trilha". Depois disso, amigos músicos começaram a me convidar para dar canjas em shows. Aí, em 2007 o Zé Celso me convidou para fazer parte das filmagens dos DVDs da peça de Os Sertões e acabou me incorporando em uma cena, como cantora. Foi uma experiência reveladora, o teatro foi o grande motor, o estímulo para que eu realmente resolvesse cantar para o público. A partir disso comecei a amadurecer a ideia de também cantar de fato, levar minhas músicas a diante, reunir uma banda.
E como foi trabalhar com o Zé Celso?
Foi maravilhoso, um presente. Todo dia você aprende uma coisa nova, ele é um gênio, um grande artista.
Como está sendo fazer parte de uma banda?
Acho importante frisar isso! É meu nome, e eu sou a cantora, mas é uma banda que reúne vários artistas, é uma invenção coletiva. Tem canções de outros parceiros, autoria coletiva. Leva meu nome com muita honra, mas é um grupo. E os músicos são músicos, mas também transitam em outros territórios, o que pra é muito enriquecedor para música. Estamos criando um disco autônomo, independente, mergulhando a fundo para experimentar, criar e fazer um disco bem livre.
Quais são suas influências artísticas?
Sempre transitei em diversas áreas. Fiz pesquisas sonoras, edição de som, montagens. Então vem dessa trajetória de experimentação, trabalhar com uma sonoridade que não esteja estritamente ligada a canção. Também a canção, mas não só ela. O show tem influências de Jards Macalé, Torquato Neto, a Frida Kahlo, poesia latino-americana, Nina Simone, a música brasileira. Sou influenciada por todos os lugares, eu e todo mundo da banda. São influências em fluxo.
Acha que seu pai, Glauber Rocha, também te influenciou?
Meu pai me influenciou em tudo, primeiro porque ele é meu pai, segundo porque foi um dos maiores pensadores e artistas do Brasil. Era inevitável ser influenciada por ele. O pensamento dele permanece vivo, a obra dele permanece viva. E não só pra mim, mas para grande parte da minha geração e de todas as gerações são influenciadas por ele. Ainda bem!
Como é sua relação com o MySpace?
Acho uma ferramenta interessante para divulgar o trabalho. Na página nós colocamos algumas gravações demo, enquanto gravamos nosso CD. Temos uma resposta satisfatório. Acho que é muito legal, cada vez mais gente querendo conhecer, gente adicionando. Tijolinho por tijolinho.
Quais são seus próximos planos?
Eu continuo fazendo cinema, pode botar isso aí! [risos] Eu sou diretora e sou montadora. E estamos gravando o CD, vou tentar lançar ele até o final do ano. Tenho um projeto de direção. Acompanhei a turnê do teatro Oficina pelo Brasil e fomos até Canudos, local onde a história d'Os Sertões aconteceu. Gravei muito material e estou procurando fundos para finalizar e mostrar a experiência única do processo tanto de montagem do teatro Oficina quanto da experiência de conehcer Canudos.