Correção política traumatiza

Saiba por que correção política, além de encher o saco, pode traumatizar

por Nina Lemos em

Pessoas que não ganhavam brinquedos de plástico, crian­ças proibidas de se vestir de caipiras porque podia ser ofensivo para os interioranos e castigos bizarros. Saiba por que correção política, além de encher o saco, pode traumatizar


Você tá de castigo. Abrace uma árvore!

Aos 15 anos, o irmão da repórter Ariane Abdallah fez bagunça na sala de au­la e ficou de castigo. Nesses momentos, as pessoas ficam na escola após a aula ou vão para a sala da diretora. No caso do irmão da nossa a­miga, como ele estudava numa escola alternativa, foi obrigado a abraçar uma árvore do jardim da escola. O pobre coitado ficou humilhado, abraçando a árvore, enquanto era sacaneado pelos colegas. De acordo com os professores, ele poderia absorver energia positiva da árvore e se acalmar.

 

Não ofendam os caipiras!

Imaginem crianças sedentas por se fantasiar de caipira na festa junina e sen­do proibidas porque “era uma ofensa aos nordestinos e caipiras?”. Isso aconteceu com Fernando Sagara, 13, aos 7 anos, quando estudava numa es­co­la politicamente correta. Coca-Cola e balas eram proibidas. Ele le­vava re­fri­gerante escondido numa garrafinha. Mas o pior eram as aulas de música. O me­­­nino, do rock, participava de roda de samba (para resgatar a cultura bra­­­si­­leira) e tinha que tocar cuíca. “Um dia, uma criança se revoltou e saiu chu­­­­tando tudo e gritando: ‘Odeio esta escola’”, ele lembra.

 

Vá para o canto pensar!

O método “Supernanny”, empregado pelas babás de reality shows, co­meça a se disseminar pelas escolas. Você fala para uma criança de 4 anos: vá para o canto pensar no que fez!  Como diria o Zé Simão, tucanaram o castigo. Será que uma criança de 4 anos tem capacidade reflexiva para isso? Será que isso não faz mal? Somos da época em que um bom beliscão ou um grito resolvia as coisas. E não ficamos traumatizadas!

 

Nada de brinquedo de plástico!

Sim, brinquedos de madeira são incríveis. Mas Hello Kitty e Power Ran­gers também são bacanas. Quem só ganha brinquedo de madeira pode fi­car com trauma, como um amigo da nossa diretora de arte, Cris Naumovs. O pobre coitado tinha tanto brinquedo construtivista que, quando soube que seria pai, decidiu que o filho só teria brinquedos de plástico. Qualquer móbile de madeira foi banido do quarto do filho do traumatizado.

 

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