Como fazer compras sem embalagens
O mercadinho mais hipster do planeta foi notícia internacional por se vender como o primeiro supermercado sem embalagem do mundo. Estivemos lá e concluímos: ser ecohipster não é fácil
O mercado parece um daqueles do subúrbio da minha infância. Mas ele é hipster. Aqueles potes onde ficavam as balas que a gente pegava com saquinho estão lá, mas com design moderno. Marmitas são vendidas a R$ 100. Um sujeito que lembra um psicopata meio hipster tira vários saquinhos e potinhos da mala. “Isso é medonho, medonho”, grita o amigo que me acompanhava.
Trata-se do Original Unverpackt (OU): o “primeiro” mercado do mundo a abolir as embalagens, conforme dizem todas as reportagens sobre a biboca em Kreuzberg, Berlim. Ele foi notícia em todo canto: NBC, Times, Guardian.
É assim: as coisas não vêm ensacadas. Se você quer arroz, pega o potinho que levou de casa, enche, e pesa. O mesmo vale para um xampu orgânico (você enche um vidrinho). E assim, enchendo potinhos e sacos que você levou de casa, faz suas compras. Mas, se você não levar embalagens suficientes, eles vendem! Além da marmita, você pode comprar saquinhos de pano.
O mercado é mínimo e não vende tudo o que você precisa. Encontrei farinhas, massa, muitos temperos, balas bio, frutas secas e frutas (nada que se compare com uma feira brasileira, claro). Tinha que comprar alguma coisa para fazer este texto e viver a experiência do mundo sem embalagens. Então, peguei um pouco de macarrão com as mãos e... taquei na ecobag. Só depois descobri que tinha luva (mico!). Fui colocando sem saber se eu pegava muito ou pouco. Claro que a minha bolsa não estava limpa. Ela serve para carregar meu computador, roupas, material para a aula de alemão. Foi meio nojento. Resolvi comprar tangerinas. Arreguei e peguei um saquinho de papel (que custou R$ 0,50). Coloquei o saquinho em cima do macarrão e entrei na fila. Sim,
tinha muita gente lá. O cara meio psicopata, meio hipster, tinha as mais variadas embalagens organizadas no balcão de um jeito TOC. Vi uma pessoa com um vidro de ketchup limpo (como se consegue limpar isso, gente?) colocando mel dentro.
Conclusão da experiência: para salvar o mundo livrando-o das embalagens é preciso muita dedicação. Ah, voltei para casa com a minha sacola cheia de macarrão. Nunca tive tanto medo de derrubar bolsa no metrô. Ferveu tá novo, mas até lá preciso descolar um vidro para guardar o macarrão, né? Preguicinha.