Claire, Priscilla e Mark
A primeira-dama do Facebook esperou por seu vestido de noiva como qualquer outra mortal
No mês passado descobri que Priscilla Chan, a noiva de Mark Zuckerberg, o fundador e CEO do Facebook, comprou seu vestido de noiva da mesma designer que eu. O mais incrível é que a própria designer, Claire Pettibone, cuja sede é na Califórnia, mas tem representantes por todos os EUA, ficou sabendo no dia seguinte ao casório, pelo jornal. Seu marido reconheceu o vestido na única foto publicada do casamento, que reuniu apenas cem pessoas. Imediatamente, a designer dividiu a felicidade com suas seguidoras no... Facebook. Neste parágrafo já podemos aprender o seguinte: menos é mais. Quanto mais se tem, menos se precisa mostrar.
Zuckerberg, que na véspera do casório abriu o capital da empresa num recorde de US$ 16 bilhões, não chamou todos os seus amigos do Facebook para a festa. Priscilla, que vive em Palo Alto, escolheu uma loja que representa Claire em Denver, bem longe de casa, onde ela não seria reconhecida. Comprou um modelo de US$ 4.700 (nesse mercado tem noiva sem cabeça que desembolsa até US$ 25 mil), que foi pago por uma amiga para manter o sigilo. E esperou quatro meses para o vestido ficar pronto, como qualquer noiva mortal. E Claire, que, na minha opinião, é a designer mais angelical e original entre as americanas, teve a humildade de celebrar como criança quando viu seu trabalho exposto em tantas capas de revista.
De outros tempos
Claire cresceu numa casa de fazenda do século 19, no estado de Nova York. Filha única, sempre esteve rodeada de flores, fez balé e já desenhava vestidos de noiva na infância. Cada um de seus vestidos tem um nome e uma história que nos remetem a séculos passados. Conheci Claire quando fui comprar o meu vestido – um dia sempre emocionante. Eu já tinha escolhido o modelo, mas resolvi comprá-lo de fato quando soube que ela estaria em Nova York, na loja que a representa. Ela entrou na cabine comigo e contou a história daquele vestido, chamado Lalique, inspirado no designer de vidros parisiense René Lalique (1860-1945). Claire é meiga, fala baixo, é discreta e chique. Seus vestidos refletem apenas o que ela é. Ela quer vestir noivas, sem se preocupar em agradar editoriais de moda. Mas, mesmo assim, agrada.
Se formou em design em Los Angeles e, em 1994, abriu sua butique com o marido, parceiro há 20 anos. No dia seguinte ao casamento de Priscilla Chan (que vestiu o modelo Sky Between the Branches), a internet já dizia que “Claire era a nova Zuckerberg dos vestidos de noiva”. Mas a beleza de tudo isso é que, assim como o menino do Facebook, que só usa jeans e camiseta, Claire não se deixa deslumbrar. Deslumbrantes, só as noivas.
Vai lá: Claire Pettibone – www.clairepettibone.com
Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 15 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, escreve no site da Tpm, e também no site www.taniamenai.com