Chá-prazer
A especialista em chás Carla Saueressig fala sobre a relação do brasileiro com esta bebida
Para ela, chá é prazer. Esqueça todas as receitas de chá que você conhece para curar aquela gripe ou uma ressaca que não quer passar. “Chá não é remédio. É preciso que as pessoas parem de fazer esta associação e descubram o quanto ele pode ser delicioso”, resume a empresária Carla Saueressig.
Gaúcha, nascida em Sapiranga, a 60 quilômetros de Porto Alegre, Carla se interessou pelos chás ainda pequena, por causa da mãe, que gostava de “inventar na cozinha”. “Sempre que viajava, ela voltava cheia de ideias, incrementando a cultura do lugar onde tinha estado à nossa mesa. Misturava chás e sucos, fazia a festa. Herdei essa curiosidade dela por aromas e sabores”, conta.
Há 11 anos, a paixão pelos chás virou negócio. Carla vendeu seu único apartamento no sul e se mandou para São Paulo com a ideia de abrir A Loja do Chá, que comercializa chás especiais da marca alemã Tee Gschwendner, da qual Carla é a representante na América do Sul.
São mais de 250 tipos de chás, todos orgânicos, colhidos em países como Índia, China, Japão e Indonésia. Os produtos são embalados na Alemanha e trazidos para o Brasil. Para não ter dor de cabeça, a gaúcha montou inclusive a sua própria importadora. “Assim tenho certeza de que os produtos estão nas condições ideais de transporte”, sintetiza.
Hoje Carla é reconhecida no mercado como uma das grandes especialistas de chás do Brasil. É professora da Faap e da Associação Brasileira de Sommelier. Uma novidade na rotina da gaúcha é a criação de blends para restaurantes e empresas. As misturas mais recentes são a feita para os voos internacionais da TAM e a da loja O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo. “As duas absolutamente especiais e secretas”, brinca.
Como surgiu sua paixão pelos chás?
Carla Saueressig. Com a minha mãe. Ela era meio maluca e cozinhava muito bem. Passou semanas em uma reserva indígena aprendendo a cozinhar com eles, por exemplo. Sempre que viajava, voltava cheia de ideias, incrementando a cultura do lugar onde tinha estado à nossa mesa. Misturava chás e sucos, fazia a festa. Herdei essa curiosidade dela por aromas e sabores.
Por que esses chás de saquinho são tão ruins?
O problema é que muitas vezes os sachês têm cloro e isso altera o sabor, além de ser perigoso para a saúde. E também tem uma questão econômica, que para o chá caber naquele saquinho pequeno – que é muito mais barato – ele é moído, misturado à aromas artificiais... Ou seja, não é mais um chá [risos]. É como um vinho de mesa baratinho, que não é para alguém especial, não foi tão cuidado, tem um custo pequeno. É bem diferente de um chá granel, que eu vou olhar, ver se é bonito, cheiroso, gostoso. Aí é outra história.
Por que você acha que o brasileiro não toma tanto chá?
Ah, porque todo mundo está acostumado a ligar o chá a um desprazer. Sempre que você ter uma dor de cabeça, uma dor de barriga, uma gripe ou uma ressaca, lá vem alguém te indicando um chá para passar a dor. É diferente do café ou do vinho, por exemplo. Eu vendo chá-prazer. Chá não é remédio. É preciso que as pessoas parem de fazer esta associação e descubram o quanto ele pode ser delicioso.
E você vê este cenário mudando?
Sim. Antes tinham duas ou três marcas de chá nas prateleiras dos supermercados. Hoje tem uma estante inteira. Todos os dias vejo pessoas na loja experimentando chás e descobrindo coisas novas. Eles dizem: “Nossa, mas isso não parece chá”, “Claro, tu tomou boldo tua vida inteira”, [risos]. E a memória olfativa também é outra coisa que degustar um chá te proporciona e é muito poderosa e particular. As pessoas têm que saber aproveitar isso. Mas é claro que não precisa começar tomando um chá preto puro, que é mais difícil. Indico começar pelos aromatizados, que são chás verdes e pretos mesclados com ervas, flores, especiarias...
Dicas da especialista Carla Saueressig de onde encontrar chás gostosos pelo Brasil:
“Com mais de 250 tipos de chás à sua disposição e ainda com a possibilidade de provar comidinhas que têm chá na sua composição, A Loja do Chá é uma delícia!”
A Loja do Chá
Shopping Iguatemi, 3º piso, São Paulo, SP - (11) 3816-5359
CLS 408 Bloco C, loja 13, Brasília - (61) 3443-4458
“A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano é um lugar para tomar chá enquanto aprecia-se a linda vista. Um ótimo programa”
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
av. Morumbi, 4.077, São Paulo, SP
www.fundacaooscaramericano.org.br
“Quem disse que não pode misturar chá com chocolate? Pode sim. A Valrhona é um lugar descoladinho, com cem tipos de chocolates de origem! Vale a pena dar uma passada.”
Valrhona Chocolat et Lounge
al. Lorena, 1.818, São Paulo, SP
“Com uma carta de chás variada e ótimos acompanhamentos doces, o Emiliano é uma dica legal para quem quer tomar um chá gostoso.”
Emiliano
r. Oscar Freire, 384, São Paulo, SP
www.emiliano.com.br
“O Fasano oferece um chá da tarde bem interessante, com acompanhamentos bem legais e ainda com a maravilhosa vantagem: a vista para o mar.”
Fasano
av. Vieira Souto, 80, Rio de Janeiro, RJ
www.fasano.com.br
“O chá da tarde do Hotel Sofitel é tradicional, mas não por isso menos gostoso. Cheio de acompanhamentos deliciosos, como bolinhos e salgadinhos.”
Hotel Sofitel
av. Atlântica, 4240, Rio de Janeiro, RJ
www.sofitel.com.br
“O restaurante Market Ipanema é uma ótima opção para os dias quentes, porque ele oferece chás muito gostosos quentes e gelados.”
Market Ipanema
r. Visconde de Pirajá, 499, Rio de Janeiro, RJ
www.marketipanema.com.br
“A loja Cuore di Cacao também é ótima para quem gosta de tomar chá misturando chocolate.”
Cuore di Cacao
R. Fernando Simas, 334, Curitiba, PR
www.cuoredicacao.com.br
“Ao ir para Curitiba, passe na The Kettle para tomar um chá acompanhado dos tradicionais muffins da casa. Programa perfeito para um fim de tarde.”
The Kettle
al. Prudente de Moraes, 836, Curitiba, PR
www.thekettle.com.br