Casaco: impossível
Porque estar morrendo de frio e só poder comprar biquíni é sacanagem!
Daí que eu mudei e quando a gente muda o que é que a gente faz? Vende os móveis, dá os livros, se livra de tudo (menos dos CDs). E como eu cheguei em Paris na primavera, deixei todos os meus casacos de inverno cazamigue lá em Buenos Aires. Trouxe apenas um jaqueta de couro (pode me julgar) e, como todo mundo sabe, campera de cuero esquenta só que não.
Outro "só que não" vai pra primavera parisiense, que ainda não deu as caras. Quer dizer, faz mais de um mês que eu enfrento temperaturas baixas – semana passada tava fazendo mais ou menos cinco grauzinhos à noite – munida de suéter e da tal jaqueta. Ou seja, nada.
“Mas, Ana, por quê você não compra um casaco?”. É aí que eu queria chegar. Enquanto as mulheres usam bota e cachecol, as vitrines insistem em esfregar biquínis na cara de toda uma sociedade. Na sexta eu dei um rolê por galerias, magazines, fast fashion, lojas, lojinhas e lojões e em geral e não adianta: a coleção primavera-verão se impõe.
Minha missão só não foi impossível porque existem brechós, esses lugares onde a gente espirra, um mundo de oportunidades está escondido entre coisas nem tão interessantes e, sobretudo, são atemporais.
E eis que entre as araras dos cinco Guerrisol por onde passei, encontrei esse casaco de lã de excelente qualidade, com cara de novinho e um corte que eu adorei por apenas dez euros, mais ou menos R$ 26. A lavagem no pressing, tinturaria, acabou saindo mais cara do que o próprio casaco, 15 euros.
Conclusão que fica a dica do Guerrisol, uma espécie de rede de brechós daqui de Paris. Super recomendo. É claro que tem que garimpar, mas nessas você encontra coisas incríveis como vestidos de paetê de marca e novinhos por cinco euros. A maior loja (das que eu visitei, bien sûr) fica no número 19 da avenue Clichy.