Bonita sim, escrava nunca
A apresentadora Chris Nicklas está longe do estereótipo da mulher que faz tudo pela forma. Não gosta de se maquiar, come o que quer e se sente bem com os quilinhos que ganhou com a maturidade
Chris Nicklas começou cedo. Aos 16, iniciou sua carreira de modelo, que durou dez anos e só acabou porque ela foi convidada para integrar o primeiro time de VJs da MTV, em 1993. A loira fez sucesso e ficou lá até 2000, quando iniciou temporada sabática que lhe rendeu a maternidade dos gêmeos Luca e Nina, hoje com 5 anos. Dona de um corpo geneticamente magro, ela nunca fez dieta e, até hoje, aos 41, se dá ao luxo de comer pizza três vezes em uma semana e não sentir culpa: “Estou numa fase legal com o meu corpo. Da juventude para cá, ganhei uns 6 quilos e acho que eles me fizeram bem. Estou com mais curvas e massa muscular. Tenho celulite, mas até deveria ter mais pela desregrada vida que tenho”.
Há quatro anos cobrindo a temporada de moda para o canal GNT, ela assiste de camarote à realidade das meninas que estão na carreira em que ela brilhou nos anos 80. “A vida de modelo sempre foi assim, sempre existiu um padrão de medidas. Nunca precisei me privar de nada. A Gisele Bündchen outro dia fez uma declaração genial, disse que se tivesse que se esforçar para ser magra não seria modelo. Você tem que ser magra naturalmente. E a família é fundamental. Se você vê que sua filha está ficando doente por causa da profissão, ela não pode ser modelo!” O lado maternal de Chris aparece nessas horas. “Nos desfiles, vejo umas meninas esquálidas e dá vontade de cuidar, de dar alguma comidinha.”
O que é ser bonita para você? Não acho que exista uma definição só para a beleza. Acredito que ela está nos olhos de quem vê. Hoje em dia temos uma mídia voltada para uma cultura emburrecedora em relação à beleza. Padrões que limitam e escondem todas as possibilidades que existem de ser e de se sentir bonita.
Você era modelo nos anos 80. De lá pra cá, muita coisa mudou na “estética ideal”? Acho que chegamos a um ponto bem mórbido e cruel com relação aos padrões de beleza. Tudo e todos nos levam a pensar que estamos inadequados. É um verdadeiro passaporte para a infelicidade.
Teve algum momento da vida em que você pensou “agora tenho que me cuidar mais”? Tendo a ser desleixada, mas em relação às manchas da pele, não só do rosto como do corpo também, logo me toquei que, se não cuidasse, a coisa ia ficar preta!
Você já foi atrás de alguma intervenção mais “radical” como plástica ou Botox? Não, nunca fiz nada disso. Tenho aflição dessas coisas! Prefiro os meus creminhos.
O que cansa a sua beleza? Pensar que tenho que estar bonita sempre. É um saco!
Dia-a-dia
“Meu ritual é o básico. De manhã e à noite limpo minha pele e passo meus cremes”
Pacman
“Minha alimentação é totalmente no automático, não controlo nada”
Tropeço
“Faço as unhas umas duas vezes por mês ou quando tropeço na manicure!”
Cabelos
“A Paul Mitchell tem um monte de coisas boas. Tem mil tipos de xampu, condicionador, e vou experimentando. Está dando certo”
Obrigação
“Nunca fiz esporte. Hoje sou obrigada a fazer musculação porque tenho osteopenia, o primeiro grau de osteoporose”
Fora, pancake!
“A base Liquid Compact, da Shiseido, é legal porque some na pele. Acho cafona maquiagem carregada”
Sem sol
“Sou branca e minha pele mancha fácil. Moro num país onde estar corada é legal. Quando encho o saco da minha cara branca, passo autobronzeador”
Tutti frutti
“Apesar de ter citado algumas marcas de produtos, eu normalmente experimento de tudo!”
No rosto
“Uso o hidratante Cinq Mondes, marca francesa de cosméticos e spas pelo mundo”
Sem cheiro
“Prefiro desodorante sem perfume. Apesar de ótimos são mais difíceis de achar”
Resgate
“Depois do período mãe-de-gêmeos integral, o Ricardo Moreno resgatou meu lado mulher cuidando do meu cabelo, da minha maquiagem”
Indispensável
“O meu produto de beleza fundamental é o filtro solar. Não vivo sem. Adoro o da Neutrogena”
O escolhido
“Lembro que comprei o primeiro Obsession numa viagem a trabalho e tive uma identificação enorme com o perfume. É o único de que gosto”
Cara lavada
“Raramente eu me maquio, mas quando tenho algum evento passo uma maquiagem que quase não dá pra perceber”
Nem uma coisa nem outra
“Meu cabelo não é nem liso nem cacheado e é difícil acertar um xampu. Quando me arrumo prefiro alisá-lo”
Creminhos
“Creme pronto de farmácia tem dosagem baixa, é diferente de a dermatologista fazer para você. Os manipulados funcionam para mim”
Fósforo
“Quando fiz meu primeiro trabalho, era loira, e o maquiador fez uma rinsagem ruiva no meu cabelo. Para ter uma idéia, tem gente que me olha loira e me enxerga ruiva”
Procaína na veia
“Eu sofria com a queda de cabelo crônica, e com a procaína deu uma bela melhorada. Na terceira injeção parou de cair o cabelo”