Bodegones de Buenos Aires
Não sabe o que é um bodegón? Vem cá que eu te explico!
Sem mais delongas, o crítico gastronômico argentino Pietro Sorba define um bodegón como sendo “um lugar para comer” e ponto. O cara é uma assumidade no assunto já que percorreu os cem bairros portenhos para eleger os melhores restaurantes deste tipo e registrar tudo o que ele encontrou no guia “Bodegones de Buenos Aires”, publicado pela Editorial Planeta.
Os critérios que ele utilizou para selecionar os bodegones foram antiguidade, história, fidelidade à cozinha ítalo-portenha e/ou hispano-portenha, preço, ambiente, tipologia de clientes e identidade.
Mas... watta hell é um bodegón? Bom, pode ser um restaurante típico de Buenos Aires, um restaurante com alma portenha, um restaurante com pratos típicos da cozinha portenha ou ainda um restaurante portenho com preços acessíveis e porções generosas. Os garçons geralmente são patrimônio da casa, a decoração não vem a ser o forte (quanto mais presunto pendurado no teto, melhor), as mesas são ocupadas por famílias e velhinhos e um bodegón é, definitivamente, um lugar anything but fashion.
Como fã inveterada de bodegones, vou passar a lista dos MEUS preferidos:
Pierino
Lavalle nº 3499, Almagro
É a cantina mais antiga de Buenos Aires e ainda é comandada pela mesma família. As massas são excelentes e, dentre a minha lista de sugestões, é o bodegón mais caro e com pratos mais sofisticados. Não raro o velhinho que é o dono do lugar está sentado em uma das mesas do salão amassando nhoques caseiros. E segundo o Pietro Sorba o melhor tiramissú de Buenos Aires é o do Pierino. Nisso eu vou ter que discordar... porque embora seja excelente, ainda acho que o tiramissú top of the tops é o do Spiagge di Napoli.
Spiagge di Napoli
Independencia nº 3527, Boedo
Não ouse chegar depois das 21h no Spiagge porque você não vai conseguir entrar – a fila é imensa e não anda. O salão é barulhento, os quadros nas paredes e os presuntos pendurados no teto abundam... uma coisa linda! As massas são incríveis e as porções, generosíssimas. No Spiagge eu sempre peço um vinho da casa pra acompanhar, gelo e uma garrafinha de água com gás pra fazer um drinque (okey, já sei que é heresia) com estes três ítens. A sobremesa obrigatória é o tiramissú da casa, sobre o qual eu já escrevi aqui antes.
Il Vero Arturito
San Luis nº 2999, Abasto
Diferente dos outros três bodegones que eu citei, o Arturito não é antigo. Ele ele data de 1998 mas isto não faz com que o restaurante perca a sua magia. E definitivamente o que eu acho sensacional é que as massas são servidas em travessas. Isso mesmo: é tão, mas tão abundante que não cabe em um prato! Embora incompreensível, um dos charmes do lugar é que o cardápio tem o nome dos pratos em castelhano e a explicação em inglês.
Cantina La Maroma
Mario Bravo nº 584, Almagro
Dica de sucesso: nem pense em jantar no La Maroma antes de ir à uma festa porque a gente sai de lá com a roupa, o corpo e a alma tomados pelo cheiro de fritura. Entre os quatro, este bodegón é o menos glamouroso de todos (dentro da escala de glamour que um bodegón pode ter) mas ainda assim muito charmoso. Ele conquistou o meu coração num dia em que eu p-r-e-c-i-s-a-v-a de confort food para viver e pedi uma “Suprema Maryland”: uma bestialidade da cozinha portenha que consiste num prato com frango à milanesa, banana, creme de milho, ervilhas, pimentão, batata frita e ovo frito.