As festas do cabide

por Tania Menai em

Não, não há nada parecido no Brasil. Basta o termômetro despencar, como aconteceu nos últimos dias, que surge pela cidade o fenômeno dos "coat-checks". Você chega num restaurante, num cocktail ou num night-club e ali está o pessoal do cabide, cobrando pelo menos dois dólares para pendurar o seu casaco, cachecol e afins. E não adianta tentar enfiar a casacada de todo mundo junto num cabide só: cobra-se por item. O pior é que as filas para o tal "coat-check" são tão grandes, que já fiquei mais tempo nelas do que nos próprios eventos. Sair à francesa, nem pensar.

Ao deixar seu casaco, você recebe um papelzinho com um número que identifica o cabide. E, claro, o tal número foi feito para perder. Nunca acho o raio do papelzinho. Até que um dia vi uma mulher chiquérrima tirar o dela de dentro do salto alto. Amei a dica. A aventura é outra quando as festas são em casa. Não importa qual a intimidade (ou falta de) tenha com o anfitrião: você chega na festa, diz "oi", dirige-se ao quarto do casal, tira todas as camadas de lã, joga (sim, joga) tudo na cama e vai para a sala se divertir. Em minutos, aquilo se transforma num Everest.

O problema aí é outro: como nova-iorquinos só vestem preto, as chances de alguém se confundir e levar o seu casaco pra casa são 97 em 100. Depois de litros de vinho, a margem salta para 100%. Sorte da Maria Paula (sim, a do Casseta), cujo cachecol de pele rosa (espero que não verdadeira) destacava-se no amontoado da festa de sábado, no West Village. O desafio dela, no entanto, era não confundi-lo com o gato que aparecia e desaparecia no meio do bololô, colocando em risco a troca de gato por lebre. Mas no final, não importa. Na friaca, o que salva mesmo é o cobertor de orelha. E sem numerozinho.
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