As festas do cabide
Ao deixar seu casaco, você recebe um papelzinho com um número que identifica o cabide. E, claro, o tal número foi feito para perder. Nunca acho o raio do papelzinho. Até que um dia vi uma mulher chiquérrima tirar o dela de dentro do salto alto. Amei a dica. A aventura é outra quando as festas são em casa. Não importa qual a intimidade (ou falta de) tenha com o anfitrião: você chega na festa, diz "oi", dirige-se ao quarto do casal, tira todas as camadas de lã, joga (sim, joga) tudo na cama e vai para a sala se divertir. Em minutos, aquilo se transforma num Everest.
O problema aí é outro: como nova-iorquinos só vestem preto, as chances de alguém se confundir e levar o seu casaco pra casa são 97 em 100. Depois de litros de vinho, a margem salta para 100%. Sorte da Maria Paula (sim, a do Casseta), cujo cachecol de pele rosa (espero que não verdadeira) destacava-se no amontoado da festa de sábado, no West Village. O desafio dela, no entanto, era não confundi-lo com o gato que aparecia e desaparecia no meio do bololô, colocando em risco a troca de gato por lebre. Mas no final, não importa. Na friaca, o que salva mesmo é o cobertor de orelha. E sem numerozinho.