Ano novo, vida nova
Que me lembre, 2011 foi o melhor ano que já vivi, embora tenha perdido meu pai.
Adoro me surpreender... Quebrar a mesmice das emoções repetitivas. Começar um novo ano ousando mudar hábitos pode ser transformador! Me ocorre que os 365 dias anuais são pura convenção. Já pensou se a vida fosse direta, sem parada para réveillon, Páscoa ou Carnaval? E se não existissem noites? Seria angustiante viver ou evitaria danos ou as duas coisas são a mesma coisa? A entrada do meu ano foi trabalhosa, principalmente para o meu amor, que me carregou durante o dia e a madrugada na chuva, no barco, na água e na dança. Este texto é o presente e também penso pra frente e penso pra trás.
O meu primeiro ano como deputada federal foi de muitas surpresas positivas. Sobre Brasília principalmente, sempre fui alertada de que não iria conseguir fazer coisa alguma. Isso porque o número de deputados é muito grande, 513, e eles não estão preocupados com o Brasil. Ouvi também, como todo mundo já deve ter ouvido, que deputado não trabalha, pois fica apenas três dias por semana em Brasília. Diferente de tudo que já ouvi, deparei com muitos deputados que realmente trabalham e que estão preocupados com o futuro do nosso país. Quarta-feira que é dia de comissões, vale a pena visitar a Câmara Federal para ver de perto os deputados trabalhando em seus temas específicos. A assessoria técnica que dá suporte aos deputados possui uma qualidade de trabalho e conhecimento que jamais imaginei. A tudo isso se soma o fato de os deputados só ficarem terça, quarta e quinta em Brasília, pois são os dias que tem plenário, e nos outros dias da semana trabalhamos no estado que nos elegeu.
Pensei que, por ser de um partido de oposição, encontraria muita resistência para aprovar emendas em medidas provisórias do governo. Apresentamos projetos transformadores para o país.
Para nossa surpresa, minha e da minha equipe, conseguimos aprovar textos de emendas referentes
à acessibilidade física, para deficientes visuais, profissionalização e educação com ênfase em todas as deficiências, mais emendas na reforma do código de processo civil, linhas de crédito para produtos de tecnologia assistiva, subvenção econômica para produtos para pessoas com deficiência, construção de escolas acessíveis, Copa do Mundo, estímulo à importação, museus acessíveis, distribuição de equipamentos médicos e tecnologias para melhorar a qualidade de vida das pessoas no Brasil etc.
Ciclo produtivo
Todo esse cabedal temático de ações e mais as intervenções feitas em plenário e em comissões me renderam uma avaliação feita pela revista Veja de terceira melhor deputada federal do país, portanto melhor de São Paulo e melhor deputada mulher do Brasil. Que me lembre, 2011 foi o melhor ano que já vivi, embora tenha perdido meu pai. Deixou uma saudade até que aconchegante e aumentou minha responsabilidade de seguir um caminho que se assemelhe a sua generosidade e competência. Independente do que acontecer depois da morte, quero que ele tenha a possibilidade de me aplaudir. Fui várias vezes à missa, coisa que jamais fiz antes. Melhorei o relacionamento com minha mãe e meu irmão. A maior surpresa de todas foi ter me apaixonado e estar amando como nunca amei na vida, e casadinha sigo para o meu segundo ano de mandato, curiosa para saber as novas surpresas que o destino reserva...
Mara Gabrilli, 43 anos, é publicitária, psicóloga e deputada federal pelo PSDB. É tetraplégica e fundou a ONG Projeto Próximo Passo (PPP). Seu e-mail : maragabrilli@maragabrilli.com.br