Anna Calvi

Entrevistamos a cantora britânica que está lançando o seu segundo disco, 'One Breath'

por Felipe Maia em

Quem conversa com Anna Calvi não desconfia que, escondida atrás da voz pequena, há um domínio e versatilidade vocal impressionantes. Tampouco pensa que o tom adolescente pertence a uma mulher de 33 anos ciente da sua produção artística - ela se distancia de fórmulas populares. 

No seu recém-lançado segundo disco, One Breath, a britânica ergue catedrais de arranjos e orquestrações complexos enquanto canta com suavidade doce ou profundidade sombria. Faixas como "Piece by Piece" e "Sing to Me" ora se aproximam, ora se distanciam.

A cantora, compositora e guitarrista, comparada a nomes de peso como PJ Harvey e elogiada pela crítica, nos contou um pouco sobre seu trabalho em uma entrevista exclusiva que você pode ler abaixo.

Trip: Você não é uma artista do mainstream, mesmo na Inglaterra, mas seu som não é underground. Como você enxerga essa distância entre o pop e o alternativo? 
Anna Calvi: Eu apenas faço o tipo de música que soa certo para mim. Não me importo com essa distância entre um e outro. Quero fazer música boa. Se as pessoas gostam, é ótimo.

Como foi gravar seu último álbum? Você escreveu todas as músicas, certo? Sim, escrevi. Para mim foi fácil fazer esse disco porque eu fiz em pouco tempo. Foram seis semanas. Também fiz os arranjos com a banda.

Seu primeiro álbum tem mais texturas de rock e de guitarras que o segundo. Em ‘One Breath’, aliás, a música soa muito mais sombria. Por que essa diferença entre os discos? Ela tem a ver com a mudança de produtor? Não acho que o segundo disco seja mais sombrio que o primeiro, mas há mais influência de música clássica. Foi algo que quis fazer. E trabalhar com o John Congleton foi legal. Ele é um grande produtor. Foi bom para mim porque eu sou muito obcecada por detalhes.

Você já disse uma vez que faz músicas imaginando pequenos filmes para elas. Como isso funciona? Você pensa em fazer trilhas sonoras? Para mim é importante criar uma atmosfera na música, contar histórias com elas. É por isso que elas são tão apelativas a filmes.

O mundo da música tem nos apresentado artistas como Rihanna, cuja imagem tem um forte apelo sexual, e Amanda Palmer, que recentemente atacou o jornal britânico Daily Mail por uma matéria a respeito dos seios dela. Como você enxerga o status da mulher na música hoje? Acho que está bom. Existem boas artistas mulheres e bons artistas homens também. Eu não acredito numa agenda necessária por conta do sexo. Não preciso me relacionar à Rihanna, tampouco preciso me relacionar ao Justin Bieber. Não porque ela seja uma mulher, mas porque ela faz uma música extremamente pop, que é diferente da minha.

Você pode dizer algumas mulheres que inspiraram seu trabalho? Kate Bush, mas não escuto algum artista pelo fato de ser mulher. Gosto muito também do Scott Walker e do David Bowie. São grandes influências pra mim.

O que você pretende dizer ao mundo com seu trabalho enquanto artista? Estou tentando criar uma atmosfera com minha música. Por paixão nas canções e direcionar um sentido de estar perdido nas letras.

Você pensa em vir ao Brasil? Adoraria ir ao Brasil! Agora estou nos Estados Unidos, mas ano que vem devo voltar a fazer turnê pela Europa.

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Crédito: Divulgação
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