A volta da Polaroid

Um austríaco ressuscitou a câmera mais charmosa da fotografia ­­analó­gica

por Luara Calvi Anic em

Tpm bateu um papo com o empresário e artista Florian Kaps – e convidou quatro adeptas das “Polas” para mostrar seus melhores cliques

Saiu com aquele sorriso amarelo na foto de ani­ver­­sário? Aperta o delete, ca­pri­c­ha na pose e na ma­qui­agem e faz uma nova. A câmera digital chegou e trouxe um número infinito de flashes... e também de fo­tos apagadas. Já com a quase extinta Po­la­roid o re­sul­tado também era instantâneo, mas a foto não tinha di­­reito a cópia – só que durava para toda a vida. Em 2008, o fim anunciado da marca fez muita gente pro­vi­­­denciar um estoque de filmes, lamen­tan­do pelo que pa­rece ser a extinção de tudo o que não é tec­no­lo­gi­camente novo.

Este ano um empresário e artista austríaco mu­dou a ordem das coisas. Florian Kaps, 39, res­sus­ci­tou a Polaroid. A fábrica, na Holanda, voltará a pro­du­zir fil­mes compatíveis tanto com o modelo SX-70, usa­do por artistas, quanto com a série 600, mais recente. Flo­rian bateu um papo com a Tpm e fez um pedido aos adeptos: “Me ajudem a manter a Polaroid viva!”. Pa­ra isso, é só caprichar nos cliques – sem de­lete.

Tpm. Você gosta do resultado das fotos digitais?
Florian Kaps. Sim, gosto. A diferença entre a foto­gra­fia digital e a analógica é mais ou menos como escu­tar música em CD e LP. Amo ter uma câmera digital co­­­­mi­­­go, tiro fotos com meu iPhone, mas fotografar com Po­­laroid é algo totalmente diferente. Com a Po­la­roid uso meu lado artístico e criativo, a digital uso no meu dia a dia, para registrar eventos.

Por que decidiu ressuscitar a marca?
Não dá pra dei­xar a Polaroid morrer – ela tem mui­to potencial! Existe uma grande comunidade em todo o mundo a favor da câ­­mer­a. A mágica da fotografia analógica não pode ser substituída por qualquer coisa. Peço ajuda a to­das as comunidades a favor da câmera no mundo: me ajudem a manter a Polaroid viva! Na fábrica produzimos os filmes e as câmeras, mas são os fotógrafos que os fazem ser um bom produto, que tiram as grande fotos.

A OPINIÃO DE QUEM USA:

Paola Bianchi, 33, designer: “A Polaroid é quase um brinquedo, dá vontade de tirar 100 mil por minuto, mas pena que o filme é caro. Na fotografia digital saem fotos lindas, mas fica tudo no computador. Com a digital vou fotografando sem parar e depois não tenho paciência para ver tudo. Vira banal, fast-food da fotografia. Graças a Deus que esse austríaco salvou a Polaroid!”

Tainá Azeredo, 25, fotógrafa: “A foto em Polaroid sempre sai com cara de uns dez anos mais velha, mesmo que você fotografe num contexto atual. Faço parte de um grupo, o Polaroid Postcard,
que reúne na internet fotos mandadas pelo correio. Você escreve o endereço na foto, bota o selo, e a foto chega a qualquer lugar do mundo, como se fosse um postal.”

Fernanda Brianti, 30, fotógrafa e produtora: “Comprei minha Polaroid num ‘família vende tudo’, impe­cável, com nota fiscal. As pessoas mais sensíveis estão começando a perceber que as coisas estão muito descartáveis, faltando alma. Qualquer um que fotografa com Polaroid já tentou inventar um jeito de ressuscitar a máquina. Florian está dando asas novamente para essas pessoas.”

Paula Brandão, 28, fotógrafa: “Gosto do ar vintage, da luz no papel, de ter a foto nas mãos. Com
a câmera digital, quem não gosta do resultado simplesmente apaga.”

Crédito: Tainá Azeredo
Crédito: Tainá Azeredo
Crédito: Paula Brandão
Crédito: Paula Brandão
Crédito: Paola Bianchi
Crédito: Fernanda Brianti
Crédito: Fernanda Brianti
Crédito: Paola Bianchi
Crédito: Paola Bianchi
Crédito: Paula Brandão
Crédito: Tainá Azeredo
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