A velha história do novo
Agora não basta uma coisa ser nova, ela tem que ser a-nova-alguma-coisa
Por que diabos as revistas femininas insistem tanto em nos ensinar que “o novo aquilo” é “aquilo outro”?
Folheando uma dessas revistas femininas mainstream, cheia de receitas de como a gente deve ou não ser na vida, reparei uma nova tendência nas matérias sobre moda e comportamento: agora não basta uma coisa ser nova, ela tem que ser a-nova-alguma-coisa. É assim: você mal assimilou a novidade da hora e descobre que ela já datou e já lançaram a nova-nova-tendência da vez. Exemplos (reais) desse novo tipo de abordagem: “O novo champanhe rosé é o coquetel” (jura? E onde entra a minha cervejinha de sempre aí nessa história?), “O novo florido é o manchado” (gente, eu nem sabia que as flores tinham voltado!), “A nova fulana de tal é a beltrana” (caramba. E a fulana de tal faz o quê? Se mata?). Mas tudo bem. A gente também é motherna e sabe assimilar as novidades. Até já pensamos nas próximas pautas para nossas colunas sobre maternidade:
• O novo método Leboyer é o parto em casa.
• O novo canguru é o sling.
• O novo balezinho é a ioga infantil.
• A nova papinha de arroz integral é a papinha de quinua.
• O novo “meu filho é um capeta” é o “meu filho tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)”.
• A nova idade cricri é a pré-adolescência.
• O novo adolescente é o adulto.
Mas isso, claro, se até o mês que vem a abordagem jornalística da moda não for inteiramente outra. Ou, quem sabe, com sorte, a próxima tendência de sucesso não é cada um viver a vida do seu jeito, sem ter que seguir tendências?