A operação lava jato da moda francesa

A capital mundial da moda declarou que incitar anorexia é crime e que modelos com IMC muito baixo não podem desfilar. Imaginamos quantas pessoas seriam presas pela PF se uma lei assim existisse no Brasil…

por Nina Lemos em

Imaginem as cenas: editoras de moda de óculos Chanel e terninhos Prada entrando em carros da Polícia Federal. Bookers de agências de modelo prestando depoimentos em CPIs e falando que não, eles não sabiam que o índice de massa corporal daquelas moças eram tão baixo, enquanto o dono da agência se encontra foragido.

Exagero? Claro. Mas isso seria possível se a nova lei contra anorexia da França, aprovada em abril, fosse exportada para o Brasil. Seria uma lava a jato no mundo fashion! 

A lei declara que incitação a anorexia é crime. E também proíbe estilistas e revistas de trabalharem com modelos excessivamente magras. Para ter uma ideia do tamanho do imbróglio: a discussão sobre qual seria o IMC (índice de massa corporal) mínimo das modelos para trabalhar não está fechada. Mas na escala da magreza, pessoas com IMC entre 16 e 16.9 são consideradas magras grau 2 (muito magras, doentes) e abaixo disso, magras grau 3 (perigosíssimo, muito doentes). Pra gente se situar: a modelo da temporada, Cara Delevingne, tem IMC de 16.5.

E se isso chegasse no Brasil? "Acho que os primeiros a serem presos seriam os bookers e agentes. Mas alguns donos de marca também poderiam ser pegos, tipo aqueles que ficam chamando as modelos de gordas nos castings de desfile e editoriais. Ia sobrar para muita gente", diz a jornalista de moda Vivian Whiteman.

Por aqui pensamos que também poderiam ser atingidos pela operação lava jato da moda algumas revistas e os sites que pregam as dietas de jejum, muitas "nutris" e até médicos. Seria um House of Cards da moda. Estamos aguardando!

Arquivado em: Tpm / Comportamento