A luta de Maria Carolina Trevisan
'Aposto na potência do jornalismo independente para agendar temas ligados aos direitos humanos'
Descobri cedo o valor do trabalho e a importância da luta coletiva. Minha família tem origem humilde: meu pai começou a trabalhar aos oito anos. Vendeu banana, foi sapateiro e office boy antes de se tornar um empresário. Minha avó não sabia ler mas fez questão que os quatro filhos estudassem. E lutou por esse direito. Foi incansável sem deixar de ser uma mãe atenta e amorosa, como é a minha, como sou com meus filhos.
Sou jornalista por ideal. Acredito que o jornalismo é uma peça fundamental para a democracia, que é capaz de formar opinião, fiscalizar políticas e pressionar por direitos. Passei por redações de grandes veículos e achei que não era suficiente. Fui para o campo aprender. Foram dez anos de projetos sociais em áreas de extrema pobreza no Nordeste brasileiro.
Nesse contexto, descobri que minha luta pessoal é o enfrentamento ao racismo. Vi que a população mais oprimida ainda é a negra, em todas os setores. Penso que o Brasil deve a essa parcela de cidadãos e não podemos nos omitir. Somos parte da reparação.
Há um ano, voltei ao jornalismo. Aposto na potência do jornalismo independente para agendar temas ligados aos direitos humanos. Com outros jornalistas fundamos a Ponte (ponte.org), que agrega produção de reportagens e formação de comunicadores nas áreas de justiça, segurança pública e direitos humanos. Estamos próximos aos movimentos sociais. Essa lupa nos dá um novo olhar e nos diferencia da cobertura tradicional. Ao mesmo tempo, a luta não pode parar.
*Maria Carolina Trevisan, jornalista, professora e repórter da Ponte
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