A humanidade é formada por meninos da bolha!

No começo da Tpm, não imaginávamos andar pela rua olhando um aparelho e falando sozinhas

por Nina Lemos em

Em 2001, quando esta revista começou, não imaginávamos que viraríamos as pessoas malucas que somos hoje. Porque:

1. Andamos pela rua sem olhar para o lado nem para a frente. Olhamos o tempo todo para um aparelho que carregamos nas mãos. E usamos os dedos para mexer nele. Sim, parecemos as crianças que jogavam gameboy. Quando vemos uma cena incrível, pegamos nosso aparelhinho e tiramos uma foto. Essa foto é colocada em um aplicativo de iPhone, o Instagram, e enviada para o mundo. Quando estamos atacadas, mandamos também para o Twitter e o Facebook.

2. Não imaginávamos fazer parte de coisas chamadas redes sociais, assim como todo mundo, até nossas mães e avós. Não poderíamos imaginar que passaríamos parte do dia fuçando a vida de alheios de acordo com fotos, músicas e frases que eles escrevem em suas páginas sociais. Nem sabíamos que existiriam páginas pessoais ou perfis. Perfil era o rosto de uma pessoa de lado. Ou uma reportagem sobre alguém.

3. Não sabíamos que passaríamos a contar nossa vida e dar opiniões em 140 caracteres. Nem imaginávamos ter a falsa sensação de nunca estar sozinhas, já que sempre que estivéssemos esperando alguma coisa, na rua, na chuva, na fazenda, conversaríamos loucamente por Twitter – conversas, muitas vezes, conosco mesmas. Não sabíamos que viraríamos loucas que falam sozinhas usando 140 caracteres.

4. Não tínhamos ideia de que jogaríamos nossos CDs no lixo. E que nossa casa não teria mais porta-CD, objeto que parece mais antigo e inútil que escarradeira.

5. Não sabíamos que nossas TVs seriam finas e de plasma. E que de resto tudo no mundo seria fino (não estamos falando de sexo, mas de iPad). Nem que todos reciclariam lixo. Nem que ser ecologicamente correto seria chique. E caro. E, claro, não poderíamos imaginar que o mercado seria tomado por uma febre de novas cores de esmaltes. E que junto com os lançamentos viriam as blogueiras de esmalte. E que isso seria uma profissão.

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