Entre as décadas de 1970 e 1980, mulheres de várias partes do mundo transformaram a câmera em ferramenta de denúncia e libertação. Essas cineastas iniciaram um movimento cinematográfico feminista e retrataram as mulheres sob novas lentes. Na última edição da Mostra Ecofalante, a retrospectiva “Panorama Histórico: 1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)” resgatou filmes de diretoras consagradas para celebrar os 50 anos do Ano Internacional da Mulher, declarado pela ONU em 1975. Entre elas, a húngara Márta Mészáros, a georgiana Lana Gogoberidze, a alemã Helke Sander, as estadunidenses Lizzie Borden, Joyce Chopra e Claudia Weill, além das brasileiras Helena Solberg, Ana Maria Magalhães e Eunice Gutman.
Conheça alguns títulos que marcaram essa revolução!
#1 O Longo Caminho até a Cadeira de Diretor (2025)
Em 1973, a norueguesa Vibeke Løkkeberg filmou os primórdios do movimento cinematográfico feminista ao registrar o Primeiro Seminário Internacional de Cinema de Mulheres em Berlim. Suas fitas ficaram perdidas por 50 anos até serem finalmente exibidas ao público no Festival de Berlim deste ano
#2 Adoção (1975)
Um dos filmes mais emblemáticos de Márta Mészáros, pioneira do cinema húngaro, a trama acompanha uma mulher solitária que, aos 40 anos, repensa seu desejo de engravidar. A convivência com adolescentes em situação de vulnerabilidade a leva a considerar a adoção, num processo de escuta e transformação
#3 Joyce aos 34 (1972)
No documentário em primeira pessoa, a cineasta norte-americana Joyce Chopra reflete sobre o conflito entre ter uma carreira como diretora e tornar-se mãe. Com 30 minutos de duração e codirigido por Claudia Weill, o média-metragem é considerado um marco do cinema feminista por escancarar os dilemas de conciliar maternidade e vida profissional
#4 A Personalidade Reduzida em Todos os Ângulos (1977)
Em seu primeiro longa-metragem, a cineasta, atriz e ativista alemã Helke Sander retrata uma mãe solo tentando conciliar trabalho, arte, maternidade e vida afetiva. Com humor, o filme da década de 1970 desmonta a ilusão da mulher que precisa dar conta de tudo – sozinha
#5 Algumas Entrevistas Sobre Problemas Íntimos (1978)
Um dos primeiros filmes feministas da União Soviética, o longa da georgiana Lana Gogoberidze mostra uma jornalista renomada que encontra mais sentido e realização no trabalho do que em suas relações familiares, evidenciando o descompasso entre vida profissional e afetiva
#6 Born in Flames (1983)
A distopia futurista da norte-americana Lizzie Borden retrata uma fictícia rebelião de mulheres de diferentes etnias, classes e orientações sexuais desencadeada pelo assassinato da líder do Exército das Mulheres. A obra é expoente de um novo momento do feminismo, trazendo uma visão interseccional que inclui múltiplas vozes e lutas
#7 A Conferência Sobre a Mulher – Nairóbi 85 (1985)
Dirigido pela francesa Françoise Dasques, o documentário registra a 3ª Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em 1985 na Universidade de Nairóbi, no Quênia, que reuniu 12 mil mulheres de todo o mundo para debater temas como paz, apartheid, sexualidade e violência
#8 Mulheres de Cinema (1977)
O documentário da atriz, roteirista e diretora carioca Ana Maria Magalhães investiga o papel da mulher na história do cinema brasileiro. Com entrevistas e imagens de arquivo de figuras como Gilda de Abreu, Cristina Aché, Norma Bengell, Leila Diniz e Helena Ignez, ela reflete sobre as ausências, desafios e potências das mulheres na frente e atrás das câmeras
#9 A Dupla Jornada (1975)
Realizado pela brasileira Helena Solberg em colaboração com o coletivo International Women’s Film Project, o documentário traça um panorama da condição das mulheres na América Latina. A partir de experiências em países como Bolívia, México, Argentina e Venezuela, a obra mostra como desafiamos os papéis de esposas e mães em busca de liberdade e autonomia
#10 Vida de Mãe é Assim Mesmo? (1983)
Em 17 minutos, o documentário da cineasta carioca Eunice Gutman discute maternidade, direitos reprodutivos e a criminalização do aborto no Brasil por meio de depoimentos de mulheres de diferentes origens. Lançado em plena ditadura, o filme dá visibilidade a vozes que raramente ganhavam espaço na época – e seguem silenciadas
