O maior alquimista da música
brasileira encanta multidões
e influencia artistas com seu suingue
inconfundível. Em uma entrevista
à Trip, em 2009, ele abriu o jogo
sobre sua discretíssima família,
a curiosa fase como seminarista
e suas relações com o rap e o funk

ENTREVISTA POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES

 (baú) 

Viva Jorge
Ben Jor!

foto: acervo Trip / arquivo pessoal / divulgação

 (baú) 

“Eu faço samba muito bom.
Não sou um sambista,
mas eu faço, sei fazer muito bem”

 (baú) 

“Eu já fazia música desde
a escola, escrevia letras,
sem melodia. Porque meu pai
foi compositor, teve gravadas
três músicas de Carnaval.
Ele tinha amigos que faziam parte
do Salgueiro. Sempre teve música
em casa, meu pai e minha mãe
se conheceram na gafieira”

 (baú) 

“Minha ascendência por parte
de mãe é etíope. Contam que
meu avô veio pra cá sem querer,
num navio que saiu lá da Etiópia,
que estava sendo invadida,
e ia pra outro lugar, e aí parou
no Brasil. Por isso falo
‘por um descuido geográfico,
parou no Brasil num dia de Carnaval’
na letra de ‘Crioula’”

foto: Adhemar Veneziano / Editora Abril

 (baú) 

“Fiz 2 anos de seminário.
Era rigoroso total, mas tinha
uma aura... Quando você voltava
pro povo, você sentia.
Lá era uma calmaria, falava-se baixo,
sem palavrão, cumprindo ordens.
Você tinha acesso aos livros pra rezar,
pra cantar no coro gregoriano.
Eu rezava missa em latim.
Fui coroinha também”

 (baú) 

“Não pode ser muito intelectual,
tem que misturar. Minha música
é urbana e suburbana. Mas desde
a minha adolescência, já lia coisas
difíceis, tipo Dostoiévski,
decorava textos em latim de São Tomás
de Aquino. E hoje gosto muito
de música clássica, ouço pra acalmar”

foto: arquivo pessoal de sylvio passos

 (baú) 

“As personagens das minhas
músicas existem de verdade,
não são imaginadas. São musas mesmo. Todas. Eu conto história,
sou um repórter. E um pouco de ficção
é bom, misturo os dois”

 (baú) 

“O Maracanã é um show.
Tudo nasceu lá, domingo à tarde.
‘Fio Maravilha’, ‘País tropical’,
‘Camisa 10 da Gávea’. Eu compunha,
tinha a ideia lá, vendo aquilo tudo”

 (baú) 

“Não sou rato de computador,
porque não tenho saco.
Tenho um pouquinho de preguiça.
Ler no computador? O livro, porra,
é mais apaixonante. Você lê a hora
que quer, não tem aquela tela
te perturbando a vista”

foto: Marcelo Naddeo / Acervo TRIP

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