Três jovens argentinos atuam em comunidades rurais na América do Sul buscando formas mais saudáveis e amorosas de habitar o território
Por: Bruno Vater Fotos: Tierra Habitada/ Divulgação
Tierra Habitada
Saturados do modelo das grandes cidades, a arquiteta Renata Crespo e o administrador Pablo Ferder decidiram viajar pela América do Sul conhecendo as comunidades rurais do continente
Depois de aprender sobre permacultura, bioconstrução e bioarquitetura, a dupla se juntou à desenhista de projetos Giuliana Santoli para fundar o projeto Tierra Habitada
Os três jovens argentinos se instalaram em uma zona rural próxima a Córdoba para desenvolver projetos de comunidades ecossustentáveis em regiões agrícolas da Argentina e do Chile
O Tierra Habitada incentiva o crescimento de iniciativas participativas, que buscam o bem-estar entre a comunidade e o território. O grande diferencial é fazer dos moradores os protagonistas dos projetos
“Trabalhamos com o propósito de que não há uma fórmula exata nos processos habitacionais. Cada comunidade, pessoa, família ou grupo tem a sua própria situação”, diz Giuliana
“Por isso, começamos sempre escutando. Depois de ouvirmos, oferecemos um serviço personalizado para cada um”
“Todos os projetos oferecidos se baseiam na participação comunitária. Somos apenas facilitadores da implementação de uma habitação ecossustentável”, completa Renata
Dentre as iniciativas do Tierra Habitada está o desenho de uma vivenda sustentável em Lago Puelo, na Patagônia, projetada para aproveitar ao máximo as energias naturais disponíveis
Eles também participaram da construção da Escuela Lo Zarate, a primeira pública sustentável do Chile, em Valparaíso. Pablo deu uma oficina de gestão de projetos para os alunos, que ergueram sua própria escola
“Era sobre construção sustentável e gestão de projetos. Mas acabou sendo uma grande oportunidade de falar sobre os nossos sonhos e propósitos”, explica ele
“Isso contribuiu para nos aproximar daqueles alunos, que ergueram a sua própria escola. E nos deu reconhecimento local”
Entre abril e maio de 2021, o grupo realizou uma oficina virtual com o provocativo nome “Quero ir embora da cidade”, em tradução livre
A ideia não é incentivar as pessoas a deixarem a cidade, mas orientar quem tomou a decisão de sair dos grandes centros urbanos sobre como é a vida no campo
Desconstruindo a ideia de que a rotina rural é apenas colher tomate e tocar violão o dia inteiro, eles querem que as pessoas estejam cientes da realidade que esses espaços apresentam
“A vida no campo quebra o conceito de individualidade da cidade, de facilidade aos serviços. As pessoas têm a necessidade de se organizar, se tornando sujeitos ativos do território”, conclui Renata