O carismático trio sul-coreano Tell a Tale conquistou a internet com versões de clássicos de Raça Negra e Revelação. O próximo passo é tocar no Brasil
Por: henrique santiago
Pagode na terra do k-pop
Nem só de Tom Jobim e Caetano Veloso vive a música brasileira no exterior. O pagode romântico, estilo que fez muito sucesso nos anos 90, é a principal referência do trio sul- coreano Tell a Tale
Na terra do k-pop, Jundo (cavaquinho), Wontae (voz e tantan) e Sebeen (pandeiro) preferem cantar Raça Negra, Art Popular e Grupo Revelação
O grupo, formado em 2018, viralizou na internet depois de publicar vídeos de releituras de clássicos como “É Tarde Demais”, “Marrom Bombom” e “Temporal”
Eles não são fluentes na língua portuguesa, o que é claramente perceptível no gogó, nem vestem as roupas coloridas que estampavam os CDs de pagode nacional. Mas a afinidade com a música feita por aqui é genuína
Os três amigos cheios de carisma começaram a ter contato com pagode ainda nos tempos de escola. Daí para criar o grupo foi apenas questão de tempo
“Cantamos músicas que nós gostamos e ouvimos muito. E são canções que parecem combinar melhor com nossos vocais”, conta Sebeen
O pandeirista afirma que a música brasileira é pouco conhecida na Coreia do Sul. Ainda assim, eventos como Feijoada Party e Batucada celebram a nossa cultura do outro lado do mundo
O Tell a Tale tem crescido pouco a pouco nas redes sociais: são 99 mil inscritos no YouTube, 105 mil seguidores no Instagram e 39 mil curtidas no Facebook
O vídeo mais acessado, visto mais de 1 milhão de vezes, é o cover de “Pé na areia”, de Diogo Nogueira – o que mostra que os sul-coreanos escutam outros sons além do pagode dos anos 90
O trio também já se aventurou em releituras de “Sina”, de Djavan, “Não quero dinheiro (Só quero amar)”, de Tim Maia, e “Supera”, de Marília Mendonça
Surpreendentemente ou não, o reconhecimento vem em sua maior parte de brasileiros. E até mesmo dos músicos homenageados. “Bom demais!”, comentou o perfil da Turma do Pagode na versão de “Lancinho”
Apaixonado pelo Brasil, Sebeen já esteve por aqui no Carnaval de 2020, o último antes da pandemia, e até tocou repique no desfile da escola de samba fluminense Paraíso do Tuiuti
Mas a visita não foi suficiente e ele quer voltar – da próxima vez, para se apresentar com o Tell a Tale. “Nós temos uma grande vontade de trabalhar com muitos artistas brasileiros”, diz. Se prepara, Leandro Lehart