Ser negro no
Japão (também)
é foda
Na rotina, agressões,
e dificuldades para
conseguir trabalho
Por: Antonio Prada
Foto: Gui Martinez
Produção: Akira Matsui
Realização: BMAD Tokyo Invisíveis no que lemos
ou ouvimos sobre o país,
os japoneses mestiços,
especialmente os de
origem africana,
sofrem preconceito
desde pequenos
"Na escola,
a violência
só aumentava.
As agressões
começaram a vir
também de adultos,
que jogavam leite,
ovos e até
urina em mim"
Joe Oliver III, 37,
filho de mãe japonesa
e pai afro-americano
"Dos 6 aos 12 anos,
eu não gostava da
minha cor nem do
meu cabelo. As
pessoas zombavam
e davam risada"
Nuushi Arada, 22,
filho de mãe jamaicana
e pai japonês
Para as vozes mais conservadoras,
não existe símbolo mais poderoso
da impureza do que a chamada
"mistura de sangue" “Uma vez, fui
abordada por um
homem que disse
que este país não
aceitava negros.
‘Vocês representam
um perigo’,
ele gritava"
Ugawa Aja Maica, 17,
filha de mãe japonesa
e pai afro-americano
A situação fica ainda mais
crítica porque o Japão não tem
lei que proíba a discriminação
racial, étnica ou religiosa Nuushi, Ugawa, Joe
e milhares de mestiços
japoneses (nascem cerca
de 40 mil a cada ano)
sonham com mudanças
na sociedade japonesa
"Vou conhecer
o mundo e lutar
contra o preconceito racial e de gênero.
As novas gerações
vieram para ficar”,
diz Nuushi
“O país tem uma
mente fechada,
não tem interesse
em desvendar novas culturas e tem
grande dificuldade
em aprender com o
mundo”, diz Ugawa
"Ainda me abordam
como estrangeiro.
Me vejo como um
ser humano que
não depende de
uma nacionalidade
para viver",
conta Joe
o Japão é
o tema da
Trip #286
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