Marcelo Feitosa e Brunno Rangel fotografaram mais de 180 pessoas, entre anônimos e famosos
Projeto Pele: o nu nada mais é que a liberdade
Por: Nathalia Zaccaro
Sentir na pele é sentir de verdade. É entrar em contato com o que temos de mais íntimo. “Por baixo da roupa, somos todos pele”, diz o diretor criativo Marcelo Feitosa
Em janeiro de 2017, ele e Brunno Rangel começaram a investigar temas como amor próprio, beleza, sensualidade e liberdade através de ensaios fotográficos
“Esse projeto me colocou de frente com meus complexos e mudou minha forma de ver o belo”, diz Brunno
“Para os retratos, as pessoas se vestem da própria personalidade, de como ela se vê e como deixa o outro vê-la”, define Marcelo
Uma das peles que somam força ao projeto é a de Amanda Carvalho. Em 2014, ela tentou impedir que seu pai ateasse fogo em sua mãe, que não sobreviveu ao ataque. Amanda teve 57% do corpo queimado
“Essas cicatrizes me mostram o quão forte sou e que nada pode me parar. Nem o medo. Me olhei naquelas fotos e foi importante ver minha pele. Me sinto especial porque sou diferente”, conta ela
A atriz Roberta Rodrigues viveu no Pele um reencontro com seu corpo depois da gravidez. “Foi a primeira vez que me expus depois dessa transformação", conta
"O nu nada mais é que a liberdade. Amar o próprio corpo transforma a vida. Amo a textura, a cor da minha pele negra, brilhosa e iluminada”
Passaram pelas lentes de Brunno, sempre com direção criativa de Marcelo, outras personalidades como Reynaldo Gianecchini, Agatha Moreira e Fernanda Paes Leme
Primeira atriz trans do elenco da série Malhação, da TV Globo, Gabriela Loran carrega em seu corpo a luta pelo direito de ser como é
“Esse projeto apareceu em um momento muito importante da minha transformação pessoal, estava superando uma depressão e ali recomecei”, conta
O servidor público Felipe Lima sacou que participar do livro poderia ser um enorme gatilho de autoaceitação
“Meu corpo me fez sofrer a maior mudança da minha vida. Quando menos esperava, aos 25 anos, tive uma infecção vascular que levou à amputação das duas pernas abaixo do joelho", diz
“Foi uma tragédia, mas agora posso dizer que vivo a melhor fase de toda minha vida. O ensaio foi libertador porque me despertou um olhar mais amável para meu corpo”
O afeto é revolucionário e é ainda mais poderoso quando conseguimos ser afetuosos com nossa própria existência. Pele é contato, é carinho, é força bruta
“É dali que vem aqueles arrepios, aqueles toques que esquentam o corpo”, diz a atriz Juliana Caldas, que também participou do projeto
Se entregar pra si mesmo é o tipo de aventura que só pode dar certo