Surfista, cineasta e criador de um aplicativo que conecta viajantes a guias locais, Pedro McCardell fala sobre sua carreira e o amor por esportes, pela natureza e pelo audiovisual
Foi na infância que o paulista Pedro McCardell descobriu duas de suas maiores paixões: o esporte e a natureza
Aos seis anos, quando ganhou um kart de presente do pai, se deu conta que gostava daquelas modalidades que proporcionam uma dose extra de adrenalina
“Aos poucos, fui migrando para atividades ligadas à natureza, como o surf e o paraquedismo. Mesmo nunca tendo feito nenhuma loucura, foi nesses esportes ‘de risco’ que me encontrei”, conta
1999
Aos 18 anos, Pedro partiu para a primeira de suas várias aventuras solo: surfar em Puerto Escondido, no México
“Ao viajar sozinho, você vai adquirindo algumas habilidades de resiliência para resolver os problemas. Além de ter mais abertura para conhecer pessoas e lugares novos”, diz
2015
Em sua primeira expedição de moto, Pedro dirigiu por 44 dias de São Paulo à Patagônia, na Argentina, ida e volta, e viveu momentos em que nem ele acreditou que iria sobreviver
“Naquele ano aconteceu o fenômeno La Niña. Peguei tempestades absurdas, ventos de 100 km/h que eram insustentáveis na moto. Mas com o tempo, e calma, fui me adaptando”
O paulistano teve tanta dificuldade em encontrar guias para ajudá-lo a explorar os horizontes pelos quais passava que resolveu criar o Lyfx, aplicativo que conecta viajantes a profissionais locais
2017
Para dar visibilidade ao projeto e conseguir investidores, Pedro teve uma ideia ousada: fazer uma nova expedição de moto. Desta vez, até a região do Vale do Silício, na Califórnia
A viagem de 58 dias deu resultado e chamou a atenção do primeiro investidor da Lyfx. A empresa foi criada nos Estados Unidos e hoje tem milhares de aventuras disponíveis em 30 países
“A Lyfx surgiu com base em uma experiência que eu vivi e hoje se tornou uma forma de estimular todas as pessoas – não só os aventureiros – a viver mais experiências ao ar livre”
Entre tantas aventuras, Pedro ainda teve tempo para lançar um livro de poesias, “Paraguas”, sob o pseudônimo de Pedro Canela, e um disco com o amigo Rodrigo Antao na Inglaterra
A próxima incursão ao mundo das artes foi em 2016, quando o empreendedor lançou o documentário “Guanaco”, com imagens gravadas na Patagônia
“Eu nunca tinha pensado em fazer cinema, fui documentando a viagem para ser algo pessoal. Mas, quando voltei, vi que tinha um material incrível para um curta-metragem”
O filme, produzido com o amigo Paulo Marques, traz pequenas histórias de viajantes de todo o mundo, que se entrelaçam com imagens de Pedro resgatando um animal típico da região, o guanaco
O curta venceu vários prêmios internacionais, entre eles o Impact Awards, nos EUA. Ainda que se considere mais surfista que cineasta, Pedro se prepara para lançar outro projeto audiovisual em 2021
O longa “Imparável” conta a história de Getúlio Felipe, um menino com paralisia cerebral que não andava até os 7 anos e, ao lado de Pedro, escalou uma das montanhas mais altas das Dolomitas, na Itália
“Eu conheci o Getúlio em 2015 e acompanhei seu desenvolvimento desde lá. O convidei para escalar uma montanha comigo, e mais uma vez, sem pretensão, achei que seria legal documentar”, conta
“É tudo real. Não tem uma parte, em nenhum dos filmes, que pensei antes como roteiro. Porque no fim, o que eu mais gosto são das pessoas, e as aventuras que moram dentro das aventuras”