Valdely Kinupp, popularizador
das Plantas Alimentícias Não
Convencionais, fala sobre a
importância dessas espécies,
que até pouco tempo atrás
eram tratadas como mato

Por: CAROL ITO
fotos: sharon barcelos

é diversificação,
não gourmetização

Plantas que têm potencial
alimentício, mas que ainda
são pouco conhecidas e
não estão disponíveis
nas prateleiras dos
grandes mercados, ganham
a classificação de PANC

PANC é um acrônimo para Plantas
Alimentícias Não Convencionais,
termo popularizado pelo biólogo
e agrônomo Valdely Kinupp,
que estuda o assunto desde
o início dos anos 2000

Em 2014, ele se juntou
ao pesquisador Harri
Lorenzi para lançar
“Plantas Alimentícias
Não Convencionais (PANC)
no Brasil”, livro que
se tornou uma espécie
de Bíblia sobre o assunto

Além de identificar mais de
300 espécies que até pouco
tempo atrás eram tratadas como
mato, o guia elenca aspectos
nutricionais e receitas para
usar essas plantas na alimentação

“As PANC são consumidas
desde o Paleolítico,
mas esse conhecimento
foi se perdendo”,
explica Valdely, que
cresceu em uma família
de agricultores

“Com a urbanização
desenfreada e a falta
de Contato com a natureza,
a gente foi ficando cada
vez mais distante e
dependente daquilo que
o mercado nos impõe”

Em tempos de insegurança
alimentar, as PANC trazem
vantagens: muitas nascem
espontaneamente ou são de
fácil cultivo em quintais

“Diferente da alface
ou da couve, que
você tem que comprar
Sementes, grande parte
das PANC produzem suas
próprias sementes ou
e reproduzem em clones”

“Hoje, tem um discurso
sobre a ‘gourmetização’
das PANC, mas a pessoa
só vai pagar caro se
ela quiser e puder”

“PANC é diversificação,
não gourmetização. Não
é para substituir nada,
a ideia é somar, ganhar
autonomia, poder cultivar
em casa”, afirma

Valdely explica que,
apesar desse tipo de
alimento ser negligenciado
pelas políticas públicas,
existem movimentos lutando
por sua popularização

“Quem está fazendo isso
é o movimento vegetariano,
vegano ou mesmo onívoro,
preocupados com o uso
excessivo de agrotóxicos,
Com os efeitos
da monocultura”

A seguir, Valdely Kinupp lista
algumas PANC de diferentes
regiões do Brasil para
introduzir na alimentação: 

#1

Peixinho da horta

Comum do Centro-Oeste ao Sul,
é uma folhosa que pode ser
empanada, frita ou cozida

Foto: Daniel Dan outsideclick
por Pixabay 

#2

Guasca

Bastante encontrada no Sul,
também é conhecida como picão
branco e pode ser usada como
tempero em sopas e molhos

Foto: Kerolainy Rodrigues Ferreira
por Pixabay 

#3

Vitória-régia

Comum no Norte do Brasil,
é quase toda comestível,
inclusive, dá para fazer
pipoca com a semente

Foto: Anna Angélica Angel por Pixabay 

#4

Buriti

Uma das palmeiras mais
abundantes do país, fornece
palmito, óleo e frutos
ricos em carotenóides 

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