Lohane Marques montou uma
escola durante a pandemia para
não deixar as crianças da
Ocupação Iluminados sem aula
Texto e fotos:
Pedro Chavedar
futuro
Ocupando o
Na Ocupação Iluminados,
cerca de 300 famílias
vivem em um terreno em
Mogi das Cruzes (SP)
abandonado há décadas
Entre as dezenas de crianças que
moram ali, a maioria está desde
o início da pandemia fora da escola.
“Muitos não fazem aula online
porque não têm acesso”, explica
Lohane Marques
Aos 26 anos, a estudante
de pedagogia resolveu
arrecadar doações para
transformar o terreno onde
vai construir sua casa
em uma escola improvisada
para as crianças que
vivem na ocupação
Lohane prepara o material
individualmente para os
alunos, que têm entre 2
e 12 anos, e desenvolve
atividades ao ar livre em
um espaço atrás da escola,
onde ela ensina com a ajuda
de um quadro branco
Em suas aulas, Lohane rompe com
a lógica que determina que, na
escola, o professor fala e o aluno
obedece. Para ela, a educação
serve para criar um ser humano
questionador e promover a cidadania
“Assim, desenvolvemos
um cidadão para o mundo,
pessoas que não serão
manobradas tão
facilmente”, explica
Na escola da Ocupação
Iluminados, a professora
ensina, aprende, escuta,
aconselha e faz de tudo
um pouco
“É uma profissão que
me possibilita ser uma
formadora de opinião.
Posso interferir
e influenciar de
forma positiva”
Para Lohane, as aulas
na ocupação têm um
viés muito importante.
“Faço universidade
pública e ensinar
aqui é uma maneira de
devolver um pouco para
a comunidade”, diz
Vem conhecer alguns
dos alunos da Lohane:
Filho de Laís e Eric, dois
baianos que chegaram há meses
em São Paulo, Alexandre tem oito
anos e participa das aulas. Seu
sonho é ser jogador de futebol
do Bahia, time de seus pais
Matheus também vai às aulas.
Aos oito anos, ele está sempre
estiloso, seja com um óculos
escuros ou um corte de cabelo.
Seu sonho também é ser jogador
de futebol, mas do Corinthians,
equipe do coração
Kamilly Vitória é uma das mais
tímidas, mas ela está sempre
atenta e pronta para ajudar.
Seu caderno é estampado com a
imagem de uma mulher de black
power. Representatividade importa