O aposentado Agostinho Folco é o líder da Bengala Azul, torcida do time de futebol do ABC que reúne fãs com mais de 60 anos
texto e imagens: Emanuel Colombari
O torcedor mais famoso de São Caetano
O mais conhecido dos torcedores do São Caetano, Agostinho Folco é uma personalidade no clube e na cidade do ABC paulista
Nascido em São Paulo, o aposentado se mudou aos três anos para São Caetano do Sul, onde dedicou boa parte da vida ao comércio, casou-se com dona Eulália e teve três filhos
Mas a paixão pelo esporte sempre fez parte de sua vida. Na juventude, era um incentivador do futebol da cidade – foi, inclusive, dirigente do Botafogo, uma equipe amadora local
Foi só em 1989, quando foi fundado o clube Associação Desportiva São Caetano, que Agostinho encontrou seu time do coração
A equipe estreou em jogos oficiais na terceira divisão do Campeonato Paulista, mas foi crescendo até que, nos anos 2000, colocou no mapa do futebol a cidade – e seu torcedor mais conhecido
Ao lado de outros torcedores de mais idade, Agostinho costumava acompanhar jogos e treinos do São Caetano. Até que veio a ideia: e se esse grupo virasse uma torcida oficial do clube?
Em 13 de janeiro de 1998 nascia oficialmente a torcida Bengala Azul, que reúne fãs do time com mais de 60 anos que cumpram com alguns requisitos – como ter tosse, dores nas costas e reumatismo
“Nós temos uma foto de um cidadão que vinha com uma bengala azul no campo. Uma bengala de madeira – ele tinha problema na perna e usava a bengala. E dentro daquela conversa surgiu: ‘Põe aí Bengala’”
Parece brincadeira, mas é coisa séria. Ao longo de mais de 20 anos, a torcida liderada por seu Agostinho desenvolveu boa relação com outras organizadas, e evita se aproximar dos rivais de Santo André
“Aqui, a briga maior que se dá é entre Santo André e São Caetano. Aí a coisa é como se fosse Ponte Preta x Guarani (em Campinas), Botafogo x Comercial (em Ribeirão Preto)”, diz
Seu Agostinho se tornou figura conhecida entre torcedores e jogadores do São Caetano. Em vários momentos, atletas visitavam a sede da torcida no estádio Anacleto Campanella para bater um papo
O espaço na entrada do Anacleto Campanella era o xodó de seu Agostinho, mas a sede teve que ser mudada para uma sala sob as arquibancadas do estádio por uma questão burocrática
“Ali nós tínhamos dominó, baralho, televisão, vendas de camisa, cerveja, refrigerante, cadeirinha para as crianças brincarem, coisa para ginástica... Havia convivência”, lamenta
Mas a nova sede da torcida ainda reúne um acervo que impressiona qualquer torcedor. São camisas, troféus, fotos e jornais distribuídos por uma pequena sala. E, é claro, várias bengalas azuis
Os últimos anos não têm sido felizes no São Caetano, mas seu Agostinho viveu bons momentos com o time. Especialmente no vice campeonato da Libertadores de 2002 e no título do Paulista de 2004
“Até 2007, a gente ainda tinha esperança: Libertadores, Brasileiro. Ninguém segurava o São Caetano lá em cima. Era sempre o primeiro colocado”, lembra
Por causa da pandemia, Agostinho não vê um jogo do São Caetano no estádio desde 2020. Mas segue acompanhando o clube sempre que possível, torcendo por dias melhores no campo
Aos 87 anos, ele garante: o coração administra bem o amor pelo time e pela família. “Essa convivência com minha esposa e com meus filhos sempre foi assim. Nunca tive desavença nenhuma com minha senhora”