Por Tais Bichara, produtora cultural e uma das criadoras do projeto @donasdobaba
O QUE FUTEBOL TEM A VER COM ESTUPRO?
“Quando um jogador é condenado pelo assassinato da mãe de seu filho, outros por estupro ou agressões e seguem sendo contratados e idolatrados pelo público, o futebol passa uma mensagem: a segurança e, no fim, a vida das mulheres não é tão importante e intocável quanto a carreira de um homem”
”estupro é um contexto no qual a violação sexual e outras violências são normalizadas em decorrência de práticas sociais sobre gênero e sexualidade. E o que futebol tem a ver com isso?”
“Quando uma regra de campeonato diz que é preciso ‘enaltecer a beleza e sensualidade das jogadoras para atrair o público masculino’ ou um dirigente enaltece o ‘embelezamento do futebol feminino’, o futebol passa a mensagem de que vê mulheres como objetos a serviço dos homens”
“Quando mulheres são ridicularizadas ou tocadas de qualquer forma sem consentimento em seu ambiente de trabalho, o futebol passa a mensagem de que nossos corpos não apenas estão a serviço dos homens como estão ao seu alcance. Há uma certeza de que não haverá consequência negativa para assediadores”
“Quando é negado o direito de uma criança ou adolescente praticar um esporte pelo pensamento de que aquilo não é ‘coisa de menina’, ou pelo medo e trauma de passar por mais uma situação de assédio, o futebol passa a mensagem de que esse ambiente é mais um local inseguro e violento”
“Quando outras pessoas, no vestiário, na bancada do programa de TV, na arquibancada, na mesa de bar ou em qualquer lugar, diminuem a gravidade dessas situações, dão risada ou fingem que não viram acontecer, a cultura do estupro continua operando e normalizando violências”
“Futebol é reflexo e ferramenta, e nós acreditamos em um que não seja diariamente conivente com a cultura do estupro”