O designer sergipano Breno Loeser
luta contra o racismo religioso
desmistificando e amplificando
narrativas ancestrais com seus traços
POR: Cleyton Santanna
Imagens: Arquivo pessoal/ Divulgação O poder da arte para
contar histórias
demonizadas
Quando Olorun criou Exú,
atribuiu-lhe diversas funções.
Uma delas foi ser o elo entre
òrun (céu) e o àiyé (terra),
uma espécie de mensageiro
Se você estranhou essa
narrativa, certamente você
a aprendeu de uma única
lógica e com doses de racismo
algo normal num país que
ainda não se conhece
e intolerância religiosa,
Exú e os demais orixás são há
tempos tratados como demônios,
como mostram registros da
virada do século XX. Isso
nada mais é que uma herança
do pensamento escravocrata,
já que demônios sequer existem
nas religiões afro-brasileiras
– são uma criação cristã
Para desmistificar e amplificar
as histórias ancestrais
é que nasceram os traços
da arte do designer
sergipano e mestrando
em Ciências da Religião
Breno Loeser
O artista tem mobilizado
demandas das comunidades
de terreiro e acumula
reconhecimentos como o prêmio
de Design Tomie Ohtake,
no qual foi finalista com
o projeto “Sergipe Encantado”
"Nesse processo descobri
que a arte também é uma
importante ferramenta
de combate, pois ela ensina
e nos ajuda na quebra
de visões distorcidas
sobre quem somos
e o que fazemos"
Breno assina as ilustrações
do livro infantil
escrito por Luiz Antonio
Simas, que conta em poesia
de cordel um tradicional ìtan
de ogum, orixá da tecnologia
e do progresso
"Ogum, o inventor
de ferramentas",
No livro, as crianças
descobrem o poder da
colaboração entre as
pessoas pois Ogum ajuda
seu grande amigo Oxaguiã
a salvar seu reino da fome
"Precisamos reforçar
através do nosso trabalho
que nossas divindades pretas
São lindas e ricas, possuindo
narrativas civilizatórias
e rituais tão belos como
em qualquer outra prática
religiosa presente em nosso
país", afirma Breno
"A luta contra o racismo
e a demonização de
nossa fé precisa ser
Feita diariamente”