O diretor Toru Muranishi peitou o puritanismo, ajudou a florescer a indústria pornográfica no país, ficou rico, faliu e foi preso diversas vezes
Por Juliana Sayuri
O imperador do Pornô no Japão
Em 1986, a universitária Megumi Sahara e o diretor Toru Muranishi se encontraram em um galpão em Tóquio. Registrados por uma câmera VHS, se beijaram e se engalfinharam ao longo de 81 minutos
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Deste encontro nasceram um filme, uma atriz e uma lenda. Megumi se tornou Kaoru Kuroki, o rosto da revolução da indústria pornográfica no Japão. À Muranishi coube o título de "imperador do pornô”
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“Três décadas atrás, era proibido mostrar mais do Que três pelos pubianos nas revistas e nos filmes nipônicos. Precisei desafiar essas regras conservadoras para fazer a minha arte", conta
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O diretor inaugurou a tendência “documental”, posicionando a câmera nas mãos de um ator, a fim de dar ao espectador uma perspectiva, digamos, privilegiada – até hoje um dos gêneros mais populares
"Se não tivesse desafiado, a indústria pornô não teria florescido como aconteceu no Japão”, diz. Hoje, o país é o segundo maior público-alvo no PornHub, principal site de conteúdo adulto do mundo
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Muranishi está fora da curva japonesa: a julgar por ele, o país transpira sexo, é tolerante, liberal e um “paraíso” para dar vazão a fetiches e fantasias eróticas, incluindo tabus
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"Um tipo de sexo pode ser considerado ‘normal’ Para uns, ‘anormal’ para Outros, mas, no fim, quem É que vai ditar o que é a ‘norma’? Sexualidade é parte do viver, vestir, Comer, beber”
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Com 3 mil filmes rodados e 7 mil atrizes no seu histórico sexual, Muranishi é, antes de mais nada, um homem controverso
É considerado um artista visionário que peitou puritanismos da sociedade japonesa e intimidações de mafiosos da Yakuza, que monopolizavam a indústria do sexo no país
Foto: Muranishi Toru
Por outro lado, já foi preso no Japão por incluir atrizes menores de 18 anos nos filmes (inadvertidamente, diz) e detido pelo FBI depois de uma gravação no Havaí por irregularidades no passaporte
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Seu império começou a ruir ainda na década de 90. A produtora faliu apesar da popularidade de seus filmes mirabolantes e, logo, custosos (ele já fretou um avião para gravar cenas de sexo no ar)
Foto: M:Toru Muranishi - Wild passionate days
Pouco a pouco, Muranishi se afastou dos holofotes. Embora não grave mais como ator, não se aposentou: dirige pornôs, faz conferências, participa de festas e vende edições de seus primeiros filmes
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Septuagenário galanteador, posta fotos no Instagram ao lado de jovens modelos turbinadas, tal qual o americano Hugh Hefner e suas coelhinhas da Playboy
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“A vida tem altos e baixos. A minha, 10% de alto e os outros 90%, ladeira abaixo. Não sou vencedor, fiz escolhas erradas, Fali", diz
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“Mas se você está num barco, naufragando, e sente que nada vale Neste mundo, olhe para o lado e vai me ver Agarrado a um graveto de Pau tentando nadar contra A corrente, desesperado Para não afundar”
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“Sou sortudo, de verdade. A certo ponto, a sociedade Japonesa acolheu minha Arte, minhas ideias”, diz. “Não quero morrer. Quero gozar a vida até a última gota”