No projeto “Perdidos
da Infância”, o fotógrafo
Marcos Piffer transforma em arte
o lixo que o mar leva até a
areia da praia de Santos

Por: Fernanda Nascimento
Fotos: Marcos Piffer

o colecionador
de brinquedos

Quando sai para caminhar,
Marcos Piffer volta com uma
sacola cheia de bonecas sem
uma perna, ursinhos encardidos
ou uma porção de peças de Lego
de todos os tamanhos

Há três anos, ele coleta os
brinquedos que as ondas levam
até a areia de Santos e fotografa
um a um em seu estúdio

A série “Perdidos da Infância”
reúne objetos relacionados ao
universo infantil jogados no mar
e já virou exposição nos muros
do Aquário Municipal de Santos

“A maior parte dos objetos
vem das favelas sobre
palafitas da ilha de Santos.
É um trabalho que fala
sobre educação ambiental,
lixo, mas também sobre as
desigualdades sociais”

A ideia de registrar os brinquedos
que via cotidianamente na praia
nasceu durante um mestrado
na Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da USP, em 2017

O fotógrafo resolveu selecionar
os objetos que se relacionam
à infância também pela
possibilidade de usar o projeto
para conversar com crianças
sobre o impacto do lixo

“Quando você conta que tudo
aquilo foi encontrado numa
praia, provoca uma discussão
interessante”, diz Marcos,
que levou o trabalho às
escolas de Santos

A quantidade de objetos que vão
parar na areia depende da lua,
da maré e dos ventos

Quando a água sobe e enche o mangue
na ilha, tudo o que foi jogado
pelas comunidades sobre palafitas,
onde vivem cerca de 80 mil pessoas,
vai parar na praia

“Desde a juventude queria
desenvolver algo com os objetos
que encontrava pela areia.
Você vê coisas inacreditáveis:
televisão, ventilador, capacete,
porta de geladeira...”

Marcos perdeu a conta, mas já
levou para casa mais de 1000
objetos relacionados à infância.
O fotógrafo não sabe quando seu
projeto vai terminar. Talvez nunca

“A única coisa que não
acaba é o lixo nos oceanos.
Infelizmente, esse
problema é eterno”

Conteúdo que transforma

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