A plataforma criada por Gabriela Mendes Chaves promove o empoderamento econômico de pessoas negras e periféricas com letras dos Racionais MC's
NoFront: educação financeira através do rap
Quando começou a trabalhar como economista, Gabriela Chaves, nascida e criada na periferia de Taboão da Serra, se deu conta do abismo que existe no acesso à educação financeira
Foto: Mônica Silva / Divulgação
“Eu percebi que investir não era só coisa de gente milionária. Quando eu voltava para casa e via pessoas endividadas, entendi que era porque elas nunca foram ensinadas a mexer com dinheiro”, conta
Foto: Mônica Silva / Divulgação
“Queria mostrar para as pessoas que quem ganha um salário mínimo, as donas decasa e até os desempregados são os que mais fazem o dinheiro circular”
Foto: Mônica Silva / Divulgação
Foi então que Gabriela teve a ideia de usar uma de suas maiores paixões para democratizar o conhecimento que tinha acessado: o rap, em especial a discografia dos Racionais MC's
“Quando Mano Brown fala do ‘olhar do parceiro feliz de poder comprar o azul, o vermelho, o balcão, o espelho’, ele se refere ao que toda a geração de 2000 viveu com a relativa redução das desigualdades”
Foto: Mônica Silva / Divulgação
“Mas, ao mesmo tempo que esse processo promoveu uma série de acessos, como pretos pegarem avião e fazerem viagens, ele veio acompanhado de muito endividamento da comunidade negra”
Foto: Divulgação
Assim surgiu a NoFront, plataforma que tem a missão de promover o empoderamento econômico da população negra e periférica por meio de análises de letras de rap
No mercado desde 2018, o projeto realiza consultorias, cursos, palestras e workshops em várias cidades do Brasil, além de produzir um podcast e vídeos para um canal no YouTube
O curso de educação financeira, que já formou mais de 3 mil pessoas, disponibiliza uma bolsa de estudos a cada 3 alunos pagantes. São priorizadas pessoas negras, desempregadas, LGBTQIA+ e mães solo
“Por mais que uma pessoa de classe alta saiba, em teoria, das desigualdades econômicas, é difícil entender na prática os desdobramentos emocionais das restrições financeiras”, diz Gabriela
Foto: Divulgação
“A maior parte da população sobrevive com um salário mínimo. Eu experimentei todas essas dimensões da vivência da periferia com o dinheiro que o trabalho da NoFront explora”
Foto: Divulgação
A economista conta que recebe muitos retornos de pessoas que, após o curso, conseguem sair das dívidas e mudar substancialmente sua relação com o dinheiro
Foto: Divulgação
“Uma aluna era estagiária e estava endividada no cartão de crédito. Com o curso, em um ano, ela conseguiu transformar a dívida em investimento e pagar um intercâmbio em Londres”
Foto: Divulgação
Em 2020, a plataforma lançou a campanha de crowdfunding “Educação financeira contra o racismo”, que arrecadou 35 mil reais para realizar formações gratuitas pelo Brasil, além de capacitar lideranças
Foto: Mônica Silva / Divulgação
“Queremos preparar pessoas para replicar nossa metodologia dentro de suas comunidades”, conta
Foto: Divulgação
Para Gabriela, o fortalecimento econômico da população negra é uma medida de extrema importância no combate ao racismo no país
Foto: Divulgação
“Além da dimensão cultural, o racismo tem uma raiz econômica profunda. Fortalecer a comunidade negra economicamente é permitir que ela tenha ferramentas para travar a luta por igualdade”