Emer Conatus e Raul Nunnes,
do podcast Preto Positivo,
debatem sobre as vivências
de pessoas pretas com o vírus

Por: carol ito
fotos: vinícius marques

Negritude,
afetos e HIV
positivo

As pessoas negras são as
mais atingidas pela Aids
no Brasil e representam
6 em cada 10 diagnósticos
da doença no país – panorama
diferente de uma década
atrás, em que pessoas brancas
eram as mais afetadas

“Hoje existem informações
sobre o tratamento de HIV
e Aids, mas isso ainda fica
muito restrito dentro de
uma bolha”, diz o artista
e podcaster Emer Conatus

Em 2020, ele se juntou
ao artista e ativista
Raul Nunnes para pensar
num espaço de debate
e reflexão sobre as
vivências de pessoas
negras com o vírus

Assim surgiu o Preto
Positivo, do Spotify,
um podcast brasileiro
totalmente dedicado ao
universo do HIV e AIDS
com enfoque nas vivências
de pessoas negras

“Somos duas bichas
pretas que vivem com
HIV e não tínhamos
muitas referências de
conteúdos feitos por
pessoas negras“, diz Raul

“Ainda existe um imaginário
de que todo mundo
que tem o vírus tá num
hospital, que vai morrer,
principalmente entre
pessoas com menos
acesso à informação,
como as pretas e
pobres”, afirma Emer

“Além de a informação
não chegar como deveria,
existe o preconceito, a
sorofobia. O racismo
acaba potencializando
tudo isso”, completa Raul 

A dupla traz para a
conversa convidados como
o cantor Rico Dalasam,
a ativista Priscila Obaci
e o médico infectologista
Dyemison Pinheiro

“Um homem preto e
LGBTQIAP+ já passa por
uma série de questões
por conta do racismo
estrutural, como
a dificuldade de se
enxergar dentro de uma
relação amorosa, achar
que não merece afeto,
por exemplo”, conta Emer

“Quando junta a
questão do HIV, ele
não se sente acolhido,
se sente invisibilizado.
Precisamos construir um
novo imaginário sobre
quem a gente é”

Conteúdo que transforma