Como uma missa criada nos anos 70 se transformou na maior celebração da cultura sertaneja no Brasil
Fotos e texto: David Carneiro
Missa do Vaqueiro, a maior festa do sertão
Áudio: reprodução
Fundada por Luiz Gonzaga, pelo padre vaqueiro João Câncio e o poeta Pedro Bandeira, a Missa do Vaqueiro é uma homenagem ao mítico vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Gonzaga, morto covardemente em 1954
O motivo do assassinato foi a inveja por ele ser um dos vaqueiros mais cobiçados da região. A missa é celebrada no mesmo local onde foi encontrado o corpo de Jacó
Há 50 anos, vaqueiros de todo o sertão vão a Serrita, pequena cidade pernambucana, nomeada como a capital do vaqueiro
As terras da região, dadas aos montes para os portugueses expandir a colonização, eram deixadas de lado por não terem tantos atrativos econômicos e climáticos. E acabaram aos cuidados da figura que ali nascia: o vaqueiro
O vaqueiro é primordial na construção da identidade nordestina. Filho único da caatinga, sua figura de guerreiro foi fundamental para o povoamento da sociedade sertaneja
Foi ele o personagem central da chamada civilização do couro, baseada na pecuária, ciclo econômico que dominou o Nordeste colonial
Sua função e liderança para guiar os rebanhos nasceram em uma época em que cercas e agrotóxicos não existiam
A Missa do Vaqueiro também é responsável por uma rica influência cultural e estética. Luiz Gonzaga eternizou essa história na música “A Morte do Vaqueiro”
Discos inteiros como “A Missa do Vaqueiro”, da banda Quinteto Violado, e diversos poemas e aboios levam a influência desse universo
capa disco: reprodução
Vaidosos e com seus olhares fixos, não há como negar que vem dele grande parte do imaginário do povo nordestino: forte e determinado em suas conquistas