Desde 2017, o time de futebol formado apenas por homens trans se reúne para pensar sobre masculinidade, combater o preconceito dentro do campo e, claro, jogar bola
“Na minha época era mais tabu ainda uma mulher jogar futebol. E eu já me entendia como trans,mas não sabia. Mas eu sabia que queria ser um menino e jogar futebol. Mas não pude, infelizmente, porque a sociedade vetou”, conta Cláudio Raphael
“Eu jogava futebol no profissional. O último clube que eu passei foi o Juventus. Mas eu não conseguia ficar jogando com um time de meninas porque eu via o time masculino e eu sempre queria estar no masculino”, diz Raphael Henrique
“Aí a gente começou a chamar esses meninos pra fazer um grande encontro só de homens trans e foi onde surgiu fazer uma roda de conversa com um pelada. E assim iniciou os Meninos Bons de Bola”, conta
“O futebol não está preparado pra receber atletas trans. Porque não conseguem entender de fato o que é uma pessoa transsexual”, completa
“Não conhecia pessoas trans, só achava que existia eu no mundo. E aí conheci os meninos e me achei. Achei um nicho, achei pessoas que pensavam igual a mim e que me deram uma chance de jogar futebol”, diz Cláudio
“Tem uma jogadora trans no vôlei, por que não no futebol? Mas é que o futebol é o museu do machismo”, explica Pedro Pires
“E aí a gente começou a discutir sobre isso. Começou a falar: pô, que tipo de homem a gente quer ser? Porque, pra gente, se tornar homem tinha que ser agressivo, abusivo, mexer com as meninas na rua e tal. E, na real, não é", diz Raphael
“Tem várias maneiras de expressar seu masculino sem ter que fingir uma masculinidade mais viril, mais bruta ou coisa do tipo”, explica Pedro
“Eles me ensinaram a repensar o meu modo de viver na sociedade. Que eu não precisava ser tão machista pra ser homem”, conta Cláudio
“Então é só quebrar um pouco esse preconceito, esse machismo arraigado dentro do futebol – que só homem, só homem… Nós somos homens também”, completa
“Fazer parte desse time, e esse time existir, já é um passo, né? A gente não está mais tão longe. Caminhamos um passo, digamos assim”, comemora Pedro