Em 1959, Mauricio de Sousa desenhava em uma tirinha de jornal os primeiros personagens do que seria o mais bem-sucedido quadrinho já produzido no Brasil
“Eu imagino que todo criador, de alguma maneira, sonha em um dia ter história para contar para fazer uma boa biografia”, diz Mauricio de Souza
Isso ele tem de sobra. Nos últimos 60 anos, as histórias da Turma da Mônica, criada pelo desenhista em 1959, já foram publicadas em mais de 100 países
Embora hoje desenhadas e escritas por uma grande equipe, seguem recebendo retoques e aprovações de seu criador
“Hoje eu não estou obrigado a manter uma produção de desenho. Mas, normalmente, eu pego, vejo o material, dou uma consertadinha aqui, uma orientação ali”, diz Mauricio
“Meu desafio é o respeito ao tempo. Lógico que eu gostaria de ficar contando histórias pra sempre. Como não existe pra sempre, eu vou contar histórias enquanto eu puder e enquanto tiver essa máquina toda funcionando dessa maneira”
Quando começou a publicar suas tirinhas no jornal, Mauricio tinha até tempo de desenhar sapatos em seus personagens – e, por isso, Cebolinha, um dos primeiros, está sempre com os pés cobertos
“Quando eu comecei a criar muitas histórias, muitos quadrinhos, e ia criando novos personagens, eu não tinha mais tempo de desenhar sapato – eu não tinha equipe. Então quem foi nascendo a partir daquele tempo foi ficando sem sapato”
Sua família inspirou muitos personagens da Turma da Mônica. “Ainda bem que eu tenho vários filhos, então eu pude sacar, observar muita coisa que logicamente me ajudou durante a carreira toda”
“O Do Contra é do contra mesmo, o Nimbus é o Nimbus mesmo, que tinha medo de raio, trovão, chuva, tudo mais. Marina é desenhista, desenha tão bem quanto eu”, conta
“Uma vez a Mônica falou: ‘Pai, eu não sou tudo isso’. Daí uns tempos atrás, recentemente, ela falou: ‘Pai, você estava certo’”
“A imaginação não tem limite. Eu não tive bloqueio porque era uma questão de sobrevivência. Eu tinha que trabalhar, ganhar dinheiro pra levar pra casa”
“A internet é o veículo ideal para qualquer amador com talento se lançar no mundo hoje. É possível isso”
“Eu sou fã de quadrinho, mesmo com todas as plataformas de comunicação que estão sendo criadas e serão inventadas. Muito difícil que alguma coisa substitua o papel pintado”
“O quadrinho é uma mensagem gráfica que fica, não é fugidia como uma imagem de televisão, de computador”
“Uma coisa que você lê, pega na mão, cheira, põe na estante. Tá com saudade ou quer ver de novo? Daqui a dez anos você vai lá e tem o mesmo cheiro, o mesmo valor, o mesmo sentimento pra você”